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sábado, 9 de outubro de 2021

Um mundo de contradições

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



«O conflito maior é o dos pobres, milhares de milhões. Quando nos países ricos se come de mais e se sofre de obesidade e se queima ou deita comida ao mar em ordem à manutenção dos preços, sabe-se que há hoje no mundo mais de 800 milhões de pessoas com fome.»

Juntamente com Espinosa, terá sido Hegel que levou mais longe o racionalismo: "O que é racional é real e o que é real é racional", escreveu. Mas Ernst Bloch objectou que o processo do mundo não pode desenrolar-se a partir do logos puro. Na raiz do mundo tem de estar um intensivo da ordem do querer. Bloch, como também Nietzsche e Freud, foi beber a Schopenhauer. Este foi um filósofo que sublinhou do modo mais intenso que, na sua ultimidade, a realidade não é racional, pois há uma força que tem o predomínio sobre os planos e juízos da razão: a vontade.
Aí está um dos motivos fundamentais por que, na tentativa da explicação dos fenómenos humanos, a nível individual e social, temos sempre a sensação de que há uma falha no encadeamento das razões. É que no ser humano há o lógico e a pulsão, o cálculo e a emoção, a razão e o impulso.