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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Não podemos viver sem transfigurações

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

«Bergoglio não perde nenhuma oportunidade para relançar, com todas as pessoas de boa vontade, a fraternidade universal, em que não fica de fora nenhuma das grandes questões do nosso mundo. O Papa não é a Igreja. É um dinamizador fantástico, mas não pode nem quer fazer nada sozinho. Reeditou, na prática, o velho aforismo cristão: nada do que é humano me é estranho.»


1. Abraão estava redondamente enganado ao julgar que era de Deus a voz que lhe exigia a morte do seu único filho [1]. A dramaticidade criada por uma suposta ordem divina, exigindo a obediência louca e cega ao absurdo, é uma fantástica criação literária da mais pura desumanidade e, como tal, deveria ser lida e meditada para lá das aparências. Muitas leituras dessa narrativa dramática não se dão conta de que se trata de uma arte extraordinária para dizer que, da parte de Deus, nunca podem vir ordens de matar, embora abundem no Antigo Testamento.
Essa peça teológica, proposta hoje na Eucaristia, não é apenas para repudiar costumes ancestrais de loucura religiosa, que se alimentava de sacrifícios humanos, nem só para denunciar os actuais incitamentos à violência e à guerra, em nome de Alá, que fazem mais vítimas do que os repugnantes cultos da antiguidade. Também não deve servir para justificar as vergonhosas inquisições e guerras religiosas, no interior da história das igrejas cristãs.
Deve ajudar, pelo contrário, a descobrir e denunciar a sacralização de comportamentos sociais, económicos e políticos, que matam em série e às claras, em nome de concepções nada éticas, que banalizam a vida humana. O Papa Francisco foi e é atacado, em certos ambientes, por mostrar que há economias que matam, que geram e alimentam desigualdades assassinas.
Não nos enganemos com os equivocados elogios à fé e à obediência cega de Abraão, usados, por vezes, para confundir o “sentir com a Igreja” com a obediência cega a todas as medidas das hierarquias eclesiásticas!

sexta-feira, 10 de março de 2017

Escutar Jesus, o Filho amado de Deus Pai

Reflexão de Georgino Rocha

Escutar Jesus

Há momentos na vida, que põem à prova decisões tomadas de modo definitivo. Certamente por motivos sérios. Talvez porque circunstâncias diferentes tentem impor-se ou os próprios amigos o aconselhem com insistência… E vozes interiores crescem de intensidade, instalam a dúvida e a pessoa sente-se abalada.
Jesus, segundo o relato de Mateus que narra o episódio da Transfiguração no Monte Tabor, faz preceder a descrição com o diálogo de Cesareia de Filipe, em que após a resposta acertada de Pedro à pergunta “E vós, quem dizeis que eu sou”, Jesus anuncia que tem que sofrer muito, ser rejeitado e crucificado, e, só depois, é que ressuscitará. O coração de Pedro sobrepõe-se à razão da inteligência e “dispara”: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!”. A resposta de Jesus é contundente e radical: “ Afasta-te de mim, Satanás. És uma pedra de tropeço para Mim, porque não pensas as coisas de Deus, mas as coisas dos homens”. Estão em contraste dois modos de realizar a missão: servir até à cruz por amor ou impor-se com gestos espectaculares, os das tentações diabólicas.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Escuta Jesus, o Filho de Deus

Reflexão de Georgino Rocha


Escutar Jesus, eis a ordem do Pai que tinha falado muitas vezes ao longo da história. Mc 9, 2-10. Agora é o seu Filho muito amado que tem a Palavra, ou melhor, é a Palavra de Deus num mundo cheio de vozes e mensagens. Segundo a Bíblia, escutar não é apenas prestar atenção ou exercer uma actividade auditiva que facilita a compreensão intelectual do que é dito. É mais, pois exige a aceitação da mensagem, a atitude de quem deseja ser coerente e viver em sintonia, a decisão de lhe ser fiel. Que bem nos faria saber ouvir. Não percamos a força do seu apelo.