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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vou apagar o que de errado fiz...

Propósito Vou apagar o que de errado fiz Ao longo desta vida já passada Como este Sol que, em cada madrugada, Lava as trevas das noites que eu não quis. Esta minha vontade é o pau de giz Que deixa em cada linha desenhada Na lousa de uma vida renovada, A intenção de voltar a ser feliz. Nela vou escrever só o que eu quero, Recomeço a partir de um novo zero Perseguindo outro modo de viver. Não temo quaisquer ventos de revés Que trago, bem assente, nos meus pés, A sólida certeza de vencer! Domingos Freire Cardoso

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Voltar atrás?...

Voltar atrás?... Ao olhar para mim não me revejo No petiz que eu fui, jovem que sonhou, Parecendo que a fé já se esfumou Na tortuosa estrada em que mourejo. Em adulto perdi todo o ensejo De fazer o que sempre me animou E a vida tão sonhada se mudou De grande sinfonia em fraco harpejo. No tremor alquebrado dos joelhos Sinto que foram vãos esses conselhos Que tanto me previram este fim. Tentar voltar atrás de nada vale Por não haver regresso que me cale A saudade que sofro já por mim! Domingos Freire Cardoso

sábado, 25 de julho de 2009

Um poema de Domingos Cardoso

Voltar atrás?... Ao olhar para mim não me revejo No petiz que eu fui, jovem que sonhou, Parecendo que a fé já se esfumou Na tortuosa estrada em que mourejo. Em adulto perdi todo o ensejo De fazer o que sempre me animou E a vida tão sonhada se mudou De grande sinfonia em fraco harpejo. No tremor alquebrado dos joelhos Sinto que foram vãos esses conselhos Que tanto me previram este fim. Tentar voltar atrás de nada vale Por não haver regresso que me cale A saudade que sofro já por mim! Domingos Freire Cardoso

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Um soneto de Domingos Cardoso

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Retrato incompleto
Gente que lavra a água igual ao chão Penteando os seus cabelos de moliço É o povo que mantendo a tradição, Dá vida ao moliceiro e ao seu feitiço. Gente ousada na dura emigração, Voltando à terra, findo o compromisso, É o povo que, p’ra ter mais farto o pão, Deixou, p’l mundo, a juventude e o viço. Tomando em suas mãos o seu destino A si mesmo se fez, desde menino, Este povo de história tão grandiosa. Peito aberto à saudade do futuro, De coração honrado e gesto puro, É gente boa, é gente da Murtosa! Domingos Freire Cardoso

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Se eu largo, para o mar, pescando o pão...

COMPANHEIRA Se eu largo, para o mar, pescando o pão No cais deixo um olhar vestindo anseio, E um coração lanceado p’lo receio De ser o mar imenso o meu caixão. E se, às vezes, o mar parece chão, Onde a Lua nos despe o alvo seio, Há noites em que o mar nunca tem freio Mordendo a nossa carne, como um cão. A mesa onde a família se senta É que me dita a sina da tormenta Que me há-de acorrentar a vida inteira. Nas horas em que a paz é mais ausente A barca é a minha muda confidente, Rainha do mar, minha companheira! Domingos Freire Cardoso

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Um poema de Domingos Cardoso

Estrada
Olhando as minhas mãos, assim despidas, Tão vazias de anéis e compromissos, Tão desnudas de feitos e feitiços Penso que as intenções foram perdidas. Descubro em minhas rugas esculpidas As marcas dos propósitos postiços E, nos meus olhos, de brilhos já mortiços, A dor de renovadas despedidas. Tive amor no meu peito e não o quis, Senti m sonho à mão e nada fiz Por julgar que este mundo era ilusão. Tendo de meu tão pouco ou quase nada Vejo, no fim da estreita e erma estrada, Sorrindo, à minha espera, a solidão. Domingos Freire Cardoso

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um poema de Domingos Cardoso: Foi o vento

Foi o vento Foi o vento cortante como gume, Que me fez companhia nessa espera Em que só a saudade mais austera Me falava de ti, como um queixume. Foi o vento que trouxe o teu perfume Nessa clara manhã de Primavera, E, então, eu senti, que antes de quimera, Eras rosa vermelha em fogo e lume. E os dias se passaram a correr Num tempo de alegrias e prazer Como só haveria em pensamento. E essa ardente harmonia em nossa vida Foi repartida ao mundo, a toda a brida, Por esse arruaceiro que é o vento! Domingos Freire Cardoso

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um poema de Domingos Cardoso

Risos É sempre doce a lembrança que me fica Das brincadeiras puras dessa infância Que, recordada, assim a tal distância, Tem um encanto bom que não se explica. E a vã saudade um templo santifica Onde guarda, para sempre, a tal fragrância Que nem o Tempo, com a sua arrogância, Desvirtua, molesta ou danifica. Sinto no peito o repicar do sino De todos os meus risos de menino Que me invadem o corpo de candura. Sei bem que nada fiz para o merecer Mas queria, quando a luz se escurecer, Por eles ser levado à sepultura. Domingos Freire Cardoso

terça-feira, 19 de maio de 2009

Santa Teresa de Calcutá

Santa Com três riscas de azul em alvo manto, Face materna em figura minguada É assim que será sempre lembrada Aquela a quem o mundo deve tanto. Vidas famintas viram que era santo O pão, o gesto, a fala segregada, Matando a fome ou guiando essa jornada Para o mundo em que não existe o pranto. Mais alto que a voz gritam os exemplos, Mesmo por terra os homens valem templos E a caridade é mais do que se dá. Nesses humanos templos se vergou E por tudo o que não demos rezou Santa Madre Teresa de Calcutá! Domingos Cardoso

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Um poema de Domingos Cardoso

Sorriso Naquele fim de tarde tu não viste Nascer a madrugada no meu peito E, se o mundo era belo e tão perfeito, Tive o sol na mão, quando me sorriste. Foi sorriso tão doce que resiste Ao vil correr do tempo e ao seu efeito E então, de alma curvada eu rendo preito Ao amor que, entre nós, ainda existe. Mas Deus, que quer consigo quem Ele ama, Levou-te do calor da nossa cama Que, sem ti, ficou seca de alegrias. Abriga-te num Céu sem dor ou penas Mas, sofrendo e descrente, eu sei apenas Que Jazemos os dois em campas frias. Domingos Freire Cardoso

sábado, 9 de maio de 2009

Um poema de Domingos Cardoso

POVO Cai o sol às chapadas sobre a aldeia E a procissão se alonga, lentamente, Entre a gente apinhada, pura e crente, Olhos no andor que o santo bamboleia. Embalada p’la banda que estrondeia Marca passo a irmandade reluzente Nas suas brancas opas, penitente, Remindo, quase sempre, culpa alheia. São homens que da terra se alimentam E, em suas mãos, os calos representam A nobre identidade... o seu brasão! O orgulho que em mim cresce é grande, é imenso Por ver que a este povo eu já pertenço Desde que ao mundo vim, sobre este chão!... Domingos Freire Cardoso

domingo, 3 de maio de 2009

Dia da Mãe

Sabedoria Sabia Espalhar o estrume, Cavar a terra, Lançar a semente. Regava o milho, Colhia a espiga, Armazenava o grão. Mas não sabia... quem foi D. Dinis. Sabia Apanhar a erva, Ordenhar as vacas, Salgar o porco. Peneirava a farinha, Tendia a massa, Cozia o pão. Mas não conhecia... a padeira de Aljubarrota. Sabia caiar a casa, varrer o chão, pontear a roupa. Punha flores na jarra, Pregava um botão, Vestia-se lavada, Mas não sabia... escrever a palavra Mulher. Sabia preparar um remédio, esconder uma angústia, rezar uma oração. Penteava os filhos, Aconchegava-lhes a cama, Não comia para lhes dar: Mas não sabia... ler a palavra Mãe.
Domingos Freire Cardoso

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Um poema de Domingos Cardoso

Favor
Olhando-me ao espelho, devagar, Vejo as marcas que o tempo foi deixando Nas rugas que me cercam o olhar brando Lavado por um pranto por chorar.
Vejo-me de alma aberta, par em par, E ressaltam desse ar tão venerando, Alegrias compradas, contrabando, Quem, por feliz, se quer fazer passar.
Vida, que és repetido recomeço, Concede-me um favor que não mereço, E eu te entrego o meu ser hipotecado.
Tomando a esperança por esteio, Neste mudar de vida o mais que anseio É viver sem os erros do passado.
Domingos Cardoso