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segunda-feira, 26 de julho de 2021

Rapazes e velhos

Publicado neste dia de há seis anos

"Enquanto houver rapazes de quarenta anos, é justo que se desculpem as leviandades dos velhos de dezassete"

Camilo Castelo Branco 
(1825-1890),
escritor português

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Os Velhos

Declaração de interesses: Nós somos velhos. Estamos na casa dos 80. Declaro isto por querer alinhavar umas notas sobre os velhos que, resistindo ao tempo, nos dão o prazer de existirem, mesmo que encostados a um canto de um qualquer lar, por mais estrelas que tiver,  ou da sua própria residência, cujos cantos e recantos exibem filmes de vidas decerto muito felizes. Mas os velhos precisam que olhem para eles, forma muito especial de se sentirem pessoas, com direitos e obrigações. Olhar, neste caso, significa falar, ouvindo e perguntando  mais do que ditando conselhos e decretando sentenças. Sem pressas e com paciência. 





É indiscutível que os velhos já foram jovens e pessoas de meia idade, ativos e atuantes na sociedade. Foram pessoas responsáveis, interventivas na comunidade, capazes de pensar o seu presente e o futuro dos seus familiares e amigos. Trabalhadores incansáveis em prol da suas famílias e da sociedade em geral. O peso dos anos talvez explique um certo cansaço, um real afastamento do dia a dia das comunidades que serviram com denodo e das famílias que construíram ao lado de vizinhos que se saudavam diariamente e com quem cavaqueavam quando se cruzavam. 
Se é certo que os anos vividos serviram de suporte a novas famílias, os velhos não perderam o seu lugar no mundo ao qual pertencem por direito e por justiça. Muitos, contudo, vão ficando sozinhos e entregues às suas memórias e aos seus futuros, sem futuro agradável e partilhado com familiares e amigos. 
Vem estas considerações a propósito dos velhos internados nos lares e nos hospitais, isolados nas suas casas, dias e dias sem terem com quem desabafar, com quem conversar com gente capaz de escutar. Haverá, contudo, lugar para os que ainda podem deslocar-se por seu pé, falar mesmo que não convidados para isso, apreciando o ambiente que tanto ajudaram a erguer. 
O Natal, que muitos apregoam que é quando o homem quiser, e não apenas na quadra tradicional, 25 de Dezembro, não passa de miragem para muitos velhos. Todavia, ainda poderá ser uma das raras possibilidades que alguns velhos terão de sentir afeto, atenção e carinho sem lamechices, deles ouvindo histórias imensas vezes repetidas que são estímulos para se manterem vivos. 
Felizmente, a nossa velhice (minha e da Lita) ainda está ativa e com capacidade para acolher, para ouvir projetos lindos dos mais novos, para trocar ideias, para discutir princípios de vida e de futuro, para concordar e discordar do que fazem, dizem e projetam, para aplaudir o bom e belo que fazem. Também nos sentimos felizes quando apreciamos o sol regenerador e a lua sonhadora, as pessoas que passam e nos saúdam, a beleza da natureza florida, o cair das folhas outonais e até a chuva benfazeja quando vem com regra. 
Os velhos, afinal, contentam-se com pouco, mas não toleram a indiferença dos que, por serem mais novos ou mais envolvidos nas canseiras da vida, não descobrem uns minutos para olhar ou conversar com os que carregam o peso dos anos e de trabalhos desgastantes. 
Bom Natal para todos

Fernando Martins

domingo, 1 de outubro de 2017

Dia Internacional do Idoso — 1 de outubro


O Dia Internacional do Idoso, comemorado anualmente a 1 de outubro, foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unida) em 1991, especialmente para sensibilizar a sociedade para as questões relacionadas com o envelhecimento. Pretendia-se, como continua a pretender-se, levar as pessoas a olhar com atenção para os mais velhos, quantas vezes esquecidos pelas famílias, amigos e sociedade em geral. Uns em suas próprias casas, quando as têm, outros em lares. 
Não sei se me fica bem falar do Dia Internacional do Idoso, não vá alguém supor que estou a puxar a brasa para a minha sardinha. Faço-o, contudo, na convicção de que há muitos idosos da minha idade que não usufruem das comodidades e carinho com que eu e a Lita somos brindados pelos que nos cercam, filhos, netos e outros familiares. 
Abordo o tema por dever de consciência e por justiça em favor dos idosos marginalizados ou abandonados por parentes e amigos. Sei que há muita gente emigrada que não pode cuidar dos seus pais, deixando-os entregues a pessoas que cuidam deles, mas não é a mesma coisa. Quem os serve, por muito carinho que lhes dediquem, haverá necessariamente momentos em que os deixam sós e entregues a uma solidão que tem de ser dolorosa.
Os idosos deviam ser ouvidos, apoiados e estimulados para viverem a vida com dignidade até ao fim. Importa que toda a sociedade lhes proporcione condições de paz, de tranquilidade e de amor, sem descurarem os cuidados que lhes são devidos, nomeadamente, alimentação sadia, assistência e tratamentos médicos conformes às suas necessidades, ajuda na descoberta de momentos de lazer e convívio, bem como na participação em passeios e espetáculos.
Todos sabemos que as autarquias e os lares que os acolhem e tratam se esforçam por dar-lhes o melhor que podem e sabem, mas depois da festa vem a noite que gera o isolamento e as sombras da impossibilidade de viverem em pleno no contacto com a natureza, e alguns até ficam sem forças para se aquecerem ao sol e para respirarem o ar puro de ambientes sadios. 
Os velhos não são bonecos que se atiram para um canto nem sacos onde se despejam raivas, ódios, indiferenças e desprezos. São pessoas que geraram vidas, criaram riquezas, indicaram caminhos do bem e do belo, apoiaram filhos e netos nos primeiros passos e nas primeiras palavras. Foram solidários, amigos da partilha, generosos com os sofredores e arautos da paz.
Hoje, se puderem, ofereçam aos vossos idosos ao menos um sorriso, uma palavra de gratidão, um gesto de ternura.

Fernando Martin

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Rostos da Solidão na Fábrica das Ideias


Amanhã, 29, pelas 15h30, na Fábrica das Ideias (ex-Centro Cultural da Gafanha da Nazaré), vai abrir ao público uma exposição com tema inédito: “Rostos da Solidão”. Em nota da Câmara Municipal de Ílhavo, lê-se que esta mostra tem em consideração «o facto de o processo de envelhecimento e a solidão infelizmente se encontrarem muitas vezes associados». 
O fotógrafo convidado, Ricardo Lima, registou «momentos e sentimentos de solidão no mais íntimo reduto da vida das pessoas mais velhas do Município de Ílhavo», pelo que ouso alertar o nosso povo, ílhavos e gafanhões, para uma visita atenta. Estou certo de que ali há motivos mais do que suficientes para uma reflexão que nos leve à ação. É que, se é verdade que há solidões desejadas, também as haverá forçadas.

 Fonte: CMI
Foto: CMI

sexta-feira, 24 de março de 2017

Coisas que não interessam a ninguém

Uma crónica de Vítor Bento 
para nos levar a pensar 
um pouco 


«Portugal tem uma das perspectivas demográficas mais desfavoráveis da Europa, quando esta já as tem mais desfavoráveis face ao resto do mundo. Segundo projecções da Nações Unidas, a população portuguesa deverá reduzir-se pelo menos até 2050, sendo a redução particularmente acentuada no segmento etário entre os 20 e os 64 anos. Por outro lado, e como consequência do envelhecimento da população, o segmento com idade igual ou superior a 65 anos continuará a crescer.»
(...)
«Há 50 anos, existiam cerca de 5.5 pessoas com idade entre os 20 e os 64 anos (potenciais contribuintes líquidos do Orçamento) por cada pessoa com idade igual ou superior a 65 anos (potenciais recebedores líquidos do Orçamento). Actualmente, essa relação andará na ordem dos três para um e em 2050 prevê-se que seja de 1.4 para 1 (isto é, metade da actual).»

Ler mais no DN

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Portugueses com 65 anos podem viver em média mais 20 anos


«Os portugueses com 65 anos podem esperar viver, em média, mais 19,31 anos, segundo dados hoje revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Já à nascença, segundo dados das Tábuas de Mortalidade 2013-2015 divulgadas em setembro, a esperança média de vida dos portugueses é de 80,41 anos.»

Li aqui 

Nota: Por essas contas, desses 20 anos de esperança de vida, eu já vivi 13. Portante, ainda por cá ficarei, se Deus quiser, mais uns anitos. E entretanto, a ciência, os cuidados médicos e as novas descobertas na área da saúde hão de dar-nos ainda mais uns anos. Deus queira, que a vida é bela. 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Visitar os pais

Para se pensar no assunto...


Adultos chineses 
obrigados por lei a visitar os pais

«A Lei dos Direitos dos Idosos entrou em vigor esta segunda-feira na China e obriga os filhos adultos, tenham que idade tiverem, a visitarem os seus pais. Quem não cumprir é multado e pode ir para a prisão.
Na base desta lei está a ideia de que os idosos não devem ser negligenciados e que os filhos devem preocupar-se com as suas necessidades.
De acordo com as estatísticas oficiais, em 2010 mais de 178 milhões de chineses tinham 60 ou mais anos. No final de 2030, de acordo com as previsões, esse número terá duplicado. E à medida que a população envelhece as histórias de negligência para com os mais velhos aumentam.»

Ler no PÚBLICO



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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Envelhecimento ativo



«Complementar a tudo quanto se possa dizer e fazer, penso que é pertinente dar mais vida à vida dos idosos. Deixá-los entregues a si próprios, marginalizados ou esquecido, é um crime de lesa-humanidade. Será difícil, em alguns casos, motivar os mais velhos para que continuem ativos, envolvidos nas suas comunidades, mas não será impossível. Tenho para mim que os mais velhos são autênticos livros abertos que é preciso ler. As suas vivências profissionais, culturais, sociais, desportivas, espirituais ou outras têm de ser partilhadas, na perspetiva de que ninguém será tão pobre que não tenha nada para dar, nem tão rico que não tenha nada para receber.»

Ler todo o texto aqui

Nota: Texto elaborado para a revista "Comunicar" da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo do mês de junho de 2013.


quarta-feira, 7 de março de 2012

Um casal de velhos e o contentor que os alberga

Texto de António Marcelino,
no Correio do Vouga 

Prefiro dizer velhos. Idosos somos todos. Ser velho marca uma referência no tempo em relação a outros mais novos, mas não só. Os velhos, pelo que já viveram e fizeram, merecem atenção, respeito, defesa, apoio, amor.
Os jornais deram-lhes honra de fotografia na primeira página e as televisões falaram deles na abertura dos noticiários mais ouvidos. O senhor José e a senhora Rosa tinham a sua casa modesta, mas era a sua casa. Uma nova autoestrada varreu-a e eles tiveram de ser alojados, de urgência e por dois meses, num contentor. Isto passou-se em 2003. Continuam no contentor. Ambos de canadianas e olhar triste. A empresa faliu, a seguradora discute e negoceia tostões, os responsáveis públicos calam-se. Ora, a expropriação que os desalojou foi a favor do bem público… Se não fossem velhos, isto estaria ainda a acontecer assim? Pobres dos pobres.
Os velhos são operados a destempo, outros passam-lhes à frente. Tantas vezes, em lugares que são de todos, gente que deve servir, passa ao seu lado e nem os olha. São velhos. Agora há que dar lugar as novos. Aos mais velhos também se lhes chama “maiores”, por exemplo em Espanha. E a Bíblia chama-lhes “sábios”. Pobre sociedade que não sabe respeitar e apreciar os mais velhos, os deixa morrer na solidão, lhes tira lugar na sociedade que ajudaram a construir… Uma sociedade que despreza os velhos, nunca terá futuro. Quem olha para o senhor José e para a senhora Rosa e os tira do contentor? Quem? 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

É possível os anciãos terem sonhos?


Os velhos deviam ser como exploradores


José Tolentino Mendonça
Há um poema de T.S. Eliot que diz:

«Os homens velhos deviam ser como exploradores...
Caminhando sempre em direção a uma nova intensidade,
a uma união mais alta, uma comunhão mais profunda...………………………………………………………..
No meu fim está o meu início».


«Os velhos deviam ser como exploradores.» Tomo este repto para percorrer a Bíblia e reparo, mais uma vez, que no seu conjunto, a Bíblia conta mais Primaveras que Outonos, e algumas delas bem tardias e inesperadas. Obriga-me sempre a parar, por exemplo, aquela profecia de Joel: «Derramarei o meu espírito sobre toda a humanidade. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos» (Jl 3,1). É possível os anciãos terem sonhos? Normalmente pensa-se que os sonhos pertencem à primeira etapa da vida: a seguir estamos condenados a somar receios, prudências e temores.


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