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sábado, 10 de novembro de 2018

Boa vindima e bom vinho

Anselmo Borges

1. Há um texto famoso do Papa Pio X (foi canonizado) que exprime bem o que a Igreja não é nem pode ser. Mas foi esse o modelo que tantos, contra a vontade de Jesus e até contra a consciência democrática, quiseram impor, incluindo Pio X: "A Igreja é, por natureza, uma sociedade desigual. É uma sociedade composta por uma dupla ordem de pessoas: os pastores e o rebanho, os que têm um posto nos diferentes graus da hierarquia e a multidão (plebs) dos fiéis. As categorias são de tal modo diferentes umas das outras que só na hierarquia residem a autoridade e o direito necessário para mover e dirigir os membros para o fim da sociedade, enquanto a multidão não tem outro dever senão o de aceitar ser governada e cumprir com submissão as ordens dos seus pastores." (na Encíclica Vehementer Nos).
Este é o modelo de uma Igreja desigual e hierárquica, desembocando numa hierarcocracia, "o domínio absoluto de uma casta de celibatários - reais ou em muitos casos fictícios - sobre toda a Igreja", como escreveu Victorino Pérez Prieto.
Jesus, ao contrário, tinha dito: "Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós faça-se vosso servo e quem quiser ser o primeiro entre vós faça-se o servo de todos. Pois também eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos."

2. Durante o passado mês de Outubro, de 3 a 28, esteve reunido em Roma o Sínodo dos Bispos sobre os jovens e, durante os debates e agora no documento final, mostra-se uma vontade real de mudança. Nesse documento, lê-se expressamente que o Sínodo quer que se avance para uma "Igreja participativa e co-responsável". Participaram 267 padres sinodais de todo o mundo, 49 auditores, 23 peritos e 30 jovens, também de todo o mundo. Estes jovens não votaram, mas puderam exprimir-se e até apoiaram ruidosamente algumas afirmações - um deles até terá perguntado ao Papa se podiam dar uma assobiadela no caso de total discordância, ao que Francisco respondeu: a mim podeis fazê-lo, a eles é melhor não. Escreveram uma carta ao Papa, declarando: "As novas ideias precisam de espaço e tu deste-no-lo."

domingo, 7 de maio de 2017

O milagre dos picarotos





Com a visita a São Miguel, Açores, este nosso paraíso no meio do oceano tem sido motivo de várias conversas sobre as paisagens únicas que tão tardiamente tivemos oportunidade de conhecer. Eu e a Lita regressámos com os Açores no coração, apesar do pouco que pudemos usufruir. E logo imaginámos que haveríamos de voltar um dia para pôr pé noutras ilhas de belezas semelhantes que sempre atraíram turistas e viajantes que não se cansam de cantar loas a tais maravilhas. Esta nossa viagem em junho ficou a dever-se ao nosso filho João Paulo que lecionou em três ilhas: São Jorge, Terceira e São Miguel.
Depois de nós seguiu-se o nosso filho Pedro que, em agosto,  estacionou em São Miguel e passou pela Terceira. E  de tal modo gostou que neste abril voltou para conhecer mais ilhas: S. Jorge, Faial e Pico. Obviamente, regressou encantado. E quem sabe se não programará um outro périplo para ficar a conhecer o arquipélago que anda nas bocas do mundo à conta das suas verdejantes ou inóspitas paisagens de lava morta, onde o horroroso-belo nos enche a alma e nos leva a viajar ou a sonhar com milénios do passado. 
O suplemento Fugas do PÚBLICO ofereceu aos seus leitores, ontem, um texto de Pedro Garcias, intitulado Elogio do vinho, que nos transporta até ao Pico, para deleite de quem gosta dos Açores. Logo a abrir diz: «Quem gosta de vinhos e de vinhas tem que ir ao Pico.» Eu gostaria de ir, é verdade, mas as minhas pernas, cansadas e gastas, não me autorizam. Mas nem por isso deixo de recomendar a leitura desse desafio de Pedro Garcias. Não sou invejoso…nunca fui.

Fernando Martins

Nota: As fotos são de Pedro Martins

sábado, 15 de outubro de 2016

O vinho na Bíblia

Crónica de Anselmo Borges 



Em tempo de vindimas e vinho novo, 
fica aí uma alusão ao vinho na Bíblia.


1. O vinho é tão importante, com funções tão significativas no convívio social e na vida toda, que os antigos até pensavam que ele era uma criação dos deuses. Dioniso - Baco para os romanos - era o deus do vinho, que ensinou aos homens a arte do cultivo da videira e da preparação do vinho. Ele é de tal modo exaltante que, na leitura dos clássicos, da grande literatura, como belos poemas, grandes tragédias, romances geniais, dizemos que ficamos "inebriados". Diante do esplendor da beleza - o maior exemplo, para mim, é sempre a música, a grande música -, há quem exclame: "Uma bebedeira de beleza!" Num dos mais extraordinários diálogos filosóficos de sempre sobre o amor - o Banquete (Simpósio), de Platão -, lá está o vinho. Na Bíblia, as referências ao vinho são muitas. Tanto no Antigo como no Novo Testamento.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Os abusos


Hoje de manhã fiquei incomodado. Os níveis de glicémia dispararam para valores nada aconselháveis. Isto não pode ser. Sou habitualmente moderado no comer e no beber, tomo a medicação sem deslizes, portanto não haveria razões para ficar neste estado. Mas fiquei. Porquê?
Ora, tudo isto é muito simples… Que podia comer 52 doces por ano, disse-me um dia um médico, com graça, isto é, um por domingo, que tomasse a medicação prescrita, que não abusasse do pão e da fruta, e que levasse uma vida tranquila. 
O problema está num ou noutro abuso. O tal bolo de domingo, um prato mais pesado do que o normal, uns bocadinhos de pão que me desafiaram, um copo de vinho de uns graus acima da média e lá está. Agora dieta redobrada. Mas tudo há de entrar nos eixos. 
Mas por que razão havemos de estragar tudo? Já sei: há anos li um livro com o título “A vida depois dos quarenta”, salvo erro, onde se dizia claramente que a vida a partir daí sem uns abusozitos nem é vida nem é nada. Pois é. O pior é o resto.

sábado, 16 de janeiro de 2016

O vinho de Jesus é a nossa alegria. Experimenta!

Reflexão de Georgino Rocha


«Faltando o vinho da festa na cultura, 
desvanece-se a clareza dos critérios éticos»

A festa de um casamento em Caná da Galileia oferece a Jesus a oportunidade de iniciar a série de sinais da novidade da sua missão. Sete são apontados por João evangelista como especialmente significativos, mas confessa que há muitos outros. Todos e cada um manifestam à saciedade o seu amor de doação incondicional, a paixão constante da sua vida entregue por um mundo novo.
O autor da narração apresenta o que acontece na boda dos noivos e o grande simbolismo que encerra. Todos os elementos descritos apontam para um horizonte aberto, novo, diferente. De cada um se pode colher uma mensagem de grande alcance que nos toca profundamente: O espaço familiar e público, o ambiente de festa nupcial, a presença da Mãe de Jesus e a sua atenção discreta ao que acontecia, o diálogo com Jesus e com os serventes, as talhas vazias que são, de novo, cheias de água corrente, a silenciosa intervenção de Jesus que, desta água, realiza a maravilha do vinho novo, com mais qualidade do que o anterior, a encantadora admoestação do chefe da mesa ao noivo: “Tu guardaste o vinho bom até agora”. Os rituais da purificação perdem sentido. Abre-se o horizonte a uma realidade nova, a do vinho de Jesus servido na ceia de despedida, a eucaristia agora celebrada como seu memorial. “Fazei isto em memória de mim”.

terça-feira, 26 de maio de 2015