sexta-feira, 11 de março de 2005

Maiorias absolutas são prejudiciais ao Parlamento

O ex-Presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, disse que as maiorias absolutas são prejudiciais ao Parlamento. Esta afirmação, vindo de quem veio, deve levar-nos a reflectir. E talvez possamos concluir daí que os nossos políticos ainda não estão suficientemente maduros para viverem numa democracia que se quer adulta, onde o respeito pelas diferenças tem de ser norma cívica a seguir. Os nossos políticos tem de se convencer que não são senhores da verdade absoluta e que já não estamos em tempos de sectarismos, onde o adversário político é inimigo a abater. As opções a tomar não têm necessariamente que sair, em exclusivo, do Partido que detém a maioria. Venham de onde vierem, as propostas têm de passar pelo crivo da discussão sadia, optando-se, com simplicidade, pelas que forem melhores para o País e para os portugueses, tendo em conta, naturalmente, os programas escolhidos nas eleições. Um político moderno e respeitador dos princípios democráticos, não pode fechar-se, cegamente agarrado à cartilha do seu Partido, mas deve saber ouvir as oposições, dialogar com as forças sociais da nação e ter a humildade suficiente para dar a mão à palmatória, quando não está no caminho certo. O importante é que, no Parlamento ou fora dele, os políticos revelem maturidade cívica e consciência bem formada e com capacidade para reconhecerem que ninguém é dono da verdade toda. Há sempre alguém, por mais absurdas que possam parecer as suas ideias, que tem uma parte da verdade. Fernando Martins

LEITURAS

1 – No PÚBLICO, O Presidente Sampaio defende combate ao terror com respeito pelos direitos humanos. 2 - Francisco Sarsfield Cabral escreveu na revista Além Mar que "Perdão da dívida pode evitar o estrangulamento financeiro dos países pobres". 3 - Pode ler na ECCLESIA que "Portugal não pode esquecer as lições da emigração", um tema sobre o I Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas, decorrerá de 29 a 31 de Março de 2005, na casa diocesana do Vilar, Porto.

quinta-feira, 10 de março de 2005

NOVA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Hoje, o Parlamento volta a ter vida
A partir de hoje, temos uma Assembleia da República renovada, embora, ainda, com bastantes rostos conhecidos, muitos dos quais por ali andam desde o 25 de Abril. · É um Parlamento maioritariamente PS e acentuadamente de esquerda, por decisão do povo português; · Tem como funções principais legislar e fiscalizar a acção do Governo; · Deve estar atenta ao que se passa no País e no mundo, reflectindo as inquietações do povo e tendo em conta sempre os mais desfavorecidos; · Deve mostrar trabalho útil, dignidade na discussão dos assuntos que a Portugal e aos portugueses interessam e respeito pelos valores que enformam a nossa sociedade; · A maioria parlamentar não pode deixar de ouvir as oposições, optando pelas propostas que lhe apresentarem, independentemente das cores partidárias em que brotaram, se forem oportunas e boas para a maioria do povo português; · Deve dar o exemplo de vida democrática, em todas as circunstâncias, com simplicidade e transparência; · Deve renunciar às discussões fúteis e aos ataques pessoais, valorizando permanentemente o que é positivo; · Deve ser barómetro da harmonia e uma mais-valia para a perenidade da Pátria e para o progresso, a todos os níveis; · Deve estimular o Governo, para que, com afinco, governe sem compadrios e em luta contra os lóbis corporativos; · Que aposte e tudo faça para chegar ao fim da legislatura, porque não podemos andar, eternamente, a mudar de Governos, são os meus votos. Fernando Martins

PAPA hospitalizado mais uns dias

Papa na Políclína Gemelli
O boletim clínico oficial sobre a saúde do Papa, publicado esta manhã pelo Vaticano, refere que "o Santo Padre, acolhendo o conselho dos seus médicos, irá prolongar por mais uns dias a sua estada na Policlínica Gemelli, a fim de completar a sua convalescença, que prossegue de forma normal". Antes disso, o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, confirmou que João Paulo II irá regressar ao Vaticano antes do Domingo de Ramos, a 20 de Março. "O Papa estará de regresso ao Vaticano para a Semana Santa" disse Navarro-Valls aos jornalistas à saída do hospital. Apesar do optimismo reinante, João Paulo II delegou em Cardeais, seus colaboradores, a responsabilidade de presidirem às principais cerimónias da Semana Santa, pela primeira vez no seu Pontificado. O calendário já divulgado pela Santa Sé refere que o Papa dará a bênção "Urbi et Orbi" no dia de Páscoa e mostra que João Paulo II ainda não renunciou a presidir à Via-Sacra no Coliseu. Para mais informações, leia na ECCLESIA.

A SECA

A água começa a ser um bem escasso O nosso País, com alguma regularidade, é "contemplado" com secas que não podem deixar de nos inquietar, pelos seus efeitos catastróficos na economia, já que não afecta apenas a agricultura. E, segundo os técnicos, o povo português ainda não se convenceu de que a água não é um bem inesgotável. Em alguns países, sobretudo africanos, o drama da falta de água é terrível e se não olharmos de frente para este problema, também entre nós podemos correr o risco de um dia termos de viver situação idêntica. A Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza não se cansa de alertar para isso e até publicou no seu "site" algumas recomendações, para pouparmos água no dia-a-dia. Leia, para se consciencializar de que todos podemos fazer qualquer coisa.

Em Aveiro, na Casa da Juventude

SINAIS DO MAR, até sábado Rede
Na Casa da Juventude de Aveiro, pode apreciar, com calma e olhos bem abertos, imagens que ainda fazem parte do nosso quotidiano. Até sábado, dia 12. São gestos do mar, e paisagens do mar, e pássaros do mar, e utensílios do mar, desaguando num fascinante trabalho a duas mãos. Um misto de exposição etnográfica e de fotografias, num projecto conjunto de Isabel Silva e Sara Agudo. Esta é mais uma iniciativa do Projecto BlogAveiro, cujas fotos também podem ser vistas no http://www.gestosdomar.blogspot.com/.

LEITURAS

Para hoje, sugiro, como leituras de opinião, “Tema polémico que o não devia ser”, de D. António Marcelino, “Felizes os que promovem a Paz”, de Jorge Carvalhais, e “Falar, sim; experimentar, não”, de Teresa Soares Correia, todas do Correio do Vouga.

quarta-feira, 9 de março de 2005

LIVROS para jornalistas, e não só

1 - Está já à venda "PÚBLICO - Livro de Estilo", na sua segunda edição. Trata-se de um precioso guia dirigido a jornalistas, mas também a todos os que se interessam pela Língua Portuguesa. Na primeira parte, apresenta textos sobre a Ética e a Deontologia, bem como Critérios, Géneros e Técnicas, para bem se escrever a língua pátria. Na segunda parte, oferece Alfabeto do PÚBLICO, Normas e Nomenclaturas, com as principais regras gramaticais. Não faltam exemplos de frases, expressões e palavras certas e erradas. Há ainda SIGLAS e outras informações muito úteis para quem deseja escrever com correcção. A edição é do PÚBLICO. 2 - "Saber Escrever - Saber Falar" é um livro de Edite Estrela, Maria Almira Soares e Maria José Leitão, que deve estar sempre à mão de quem não gosta de dar pontapés na gramática. Trata-se de um guia completo para usar correctamente a Língua Portuguesa. A edição é da Dom Quixote. 3 - Daniel Ricardo, jornalista com muitos anos de experiência, escreveu "Ainda bem que me pergunta - manual de escrita jornalística". Este livro é o primeiro manual de escrita jornalística, publicado em Portugal, de um autor português para o público português. Nele se mostra como se deve escrever com clareza e com rigor. A edição é da Editorial Notícias.

LEITURAS

1 – Para hoje, proponho a leitura de um texto publicado na ECCLESIA, intitulado “CNIS defende a criação de uma Plataforma Social nacional”. Nele se sublinha que as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) esperam mudanças com o próximo Governo. Para bem dos que são apoiados pelas IPSS no nosso País. 2 – No mesmo local, vale a pena ler “Educação é a melhor arma para combater pobreza infantil”. 3 – No PÚBLICO, leia “Governo prevê ano de incêndios muito difícil”, porque temos mesmo de estar atentos. A seca não augura nada de bom.

terça-feira, 8 de março de 2005

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 4

Heroínas tão ignoradas...
Hoje, como manda a tradição, o senhor Presidente da República homenageou 30 mulheres nossas compatriotas, que se distinguiram, ao longo do ano ou das suas vidas, nas áreas em que estão envolvidas, contribuindo para uma sociedade mais justa, no respeito pelas diferenças. É bom reconhecer a justeza desta atitude do senhor Presidente Jorge Sampaio, numa data em que se procura sublinhar, um pouco por todo o mundo ocidental, sobretudo, a importância da mulher, tanto na família como no trabalho, tanto na política como na cultura, tanto na ciência como no ensino, tanto no desporto como na arte. De facto, desde sempre a mulher foi a trave-mestra da sociedade, quer pela sensibilidade que oferece a tudo quanto faz, quer pelo dom da maternidade, quer, ainda, pela ternura com que suaviza as agruras da vida. Mesmo quando, durante tantos séculos, ela foi escravizada pelas comunidades patriarcais, sempre a sua marca esteve presente. Mas se é importante reconhecer a pertinência do gesto do senhor Presidente da República, distinguindo mulheres que, de alguma forma, deram provas de competência e lutaram pela dignificação das mulheres, pelo seu exemplo e acção, também é correcto pensar que muitas outras continuam a ser esquecidas. São as mulheres humildes que se dão sem limites a tudo em que estão metidas, quantas vezes com sacrifícios inauditos. São as heroínas, tão ignoradas, com duplos empregos, na profissão e em casa. São as maltratadas pelos maridos e secundarizadas nos locais de trabalho. São as exploradas pelos patrões desonestos. São as escravas sexuais que não conseguem libertar-se de redes mafiosas. São as discriminadas na sociedade machista. São todas essas, entre outras, que eu hoje quero homenagear, com a minha solidariedade e reconhecimento, por tudo quanto nos dão. F.M.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 3

ANTÓNIO GEDEÃO Calçada de Carriche Luísa sobe, sobe a calçada, sobe e não pode que vai cansada. Sobe, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe sobe a calçada. Saiu de casa de madrugada; regressa a casa é já noite fechada. Na mão grosseira, de pele queimada, leva a lancheira desengonçada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Luísa é nova, desenxovalhada, tem perna gorda, bem torneada. Ferve-lhe o sangue de afogueada; saltam-lhe os peitos na caminhada. Anda, Luísa. Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Passam magalas, rapaziada, palpam-lhe as coxas não dá por nada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Chegou a casa não disse nada. Pegou na filha, deu-lhe a mamada; bebeu a sopa numa golada; lavou a loiça, varreu a escada; deu jeito à casa desarranjada; coseu a roupa já remendada; despiu-se à pressa, desinteressada; caiu na cama de uma assentada; chegou o homem, viu-a deitada; serviu-se dela, não deu por nada. Anda, Luísa. Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Na manhã débil, sem alvorada, salta da cama, desembestada; puxa da filha, dá-lhe a mamada; veste-se à pressa, desengonçada; anda, ciranda, desaustinada; range o soalho a cada passada, salta para a rua, corre açodada, galga o passeio, desce o passeio, desce a calçada, chega à oficina à hora marcada, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga; toca a sineta na hora aprazada, corre à cantina, volta à toada, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga. Regressa a casa é já noite fechada. Luísa arqueja pela calçada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada, sobe que sobe, sobe a calçada, sobe que sobe, sobe a calçada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Poesias Completas (1956-1967)

LEITURAS

1 – Sobre o Dia Internacional da Mulher, leia: No PÚBLICO, “MULHERES EM PORTUGAL, NA EUROPA E NO MUNDO...”; Na ECCLESIA, “Marcha das mulheres, caminho de esperança!” ; Na ECCLESIA, novamente, uma denúncia do Vaticano, "Santa Sé denuncia escândalo da pobreza que atinge as mulheres";
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DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 2

As mulheres da Gafanha As mulheres da Gafanha merecem um estudo profundo sobre o seu papel na construção das povoações e das comunidades desta região banhada pela Ria de Aveiro. É certo, porém, que alguns estudiosos e escritores de renome já se debruçaram sobre elas, cantando loas à sua tenacidade e coragem, mas elas merecem mais. Há décadas, e é sobre essas mulheres que nos debruçamos hoje, elas eram as mães solícitas e amorosas dos filhos, mas também os "pais" que garantiam o sustento da casa, enquanto os maridos se aventuravam nas ondas do mar na busca de mais algum dinheiro que escasseava em terra. Em jeito de desafio a quantos podem e devem, pelos seus estudos e graus académicos, retratar as nossas avós, com rigor histórico, já que, hoje e aqui, não há lugar nem tempo para isso, apenas indicamos algumas pistas, que há mais de 50 anos nos foram oferecidas por Maria Lamas, na célebre obra "As mulheres do meu país" que viu há tempos a luz do dia em 2ª edição, numa iniciativa da "CAMINHO", e que tão esquecida tem andado. Diz a escritora que "A seca do bacalhau na Gafanha emprega muitas centenas de mulheres, durante parte do ano, havendo secas onde o trabalho é permanente, porque abrange duas campanhas, a dos lugres e a dos arrastões", acrescentando que, "Pelos costumes e ambiente em que vivem e ainda porque tanto se entregam à lavoura como à faina da seca ou qualquer outra que se lhes proporcione, elas conservam, sob certos aspectos, a mentalidade da mulher do campo; mas a disciplina das tarefas realizadas em comum ou distribuídas numa coordenação de actividades, o sentido das responsabilidade, os horários fixos e ainda o contacto com outras realidades directamente ligadas ao seu próprio esforço vão-lhes dando uma noção diferente da vida e criando consciência da importância do seu labor". Mais adiante, tece algumas considerações sobre as raparigas da Gafanha, sublinhando: "Estas jovens do povo parece que se vão distanciando, no trajar e nos gostos, das suas mães. Trabalham na terra, quando a faina da seca termina, mas quando vão à cidade apresentam-se vestidas como se lá vivessem. Gostam de ir ao cinema, se têm ocasião para isso; discutem o 'que se usa'; são raras, porém, as que mostram interesse pela leitura. Casam, quase sempre, com operários dos estaleiros ou pescadores de bacalhau. Depois de casadas perdem muito da sua vivacidade e até o gosto na sua pessoa - a não ser uma ou outra de personalidade mais definida. A pouco e pouco vão seguindo o caminho das outras mulheres que, antes delas, foram novas, engraçadas e um tanto rebeldes contra o pensar das mães. Insensivelmente, adaptam-se à vida sacrificada, em que tudo é trabalho, sobressaltos e luta pelo pão. Mesmo quando conseguem certo desafogo económico, o espírito mantém-se-lhes embotado e alheio ao progresso do Mundo, fora dos seus interesses pessoais e imediatos". Ao recordar este estudo de Maria Lamas, quisemos tão-só homenagear as mulheres trabalhadoras e corajosas que ajudaram, e de que maneira, a construir a Gafanha que hoje conhecemos. Fotos de gafanhoas ilustram "As mulheres do meu país". E aqui ficam, algumas, como desafio a todos os gafanhões, para que sejam identificadas pelas actuais gerações. Fernando Martins

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 1

Que se apresse uma nova consciência universal


 

Qualquer causa que se espelha nos habituais dias internacionais contém em si um misto de "memória" e de projecto. E ao mesmo tempo, à primeira vista, manifestam uma sofrida quase-ineficiência, uma imensa pequenez diante da própria difícil realidade. Lembrar o Dia Internacional da Mulher, em sociedades de raízes patriarcais que nos deram origem, quer ser oportunidade de lançar o olhar a fim de nos aproximarmos sempre mais de uma maturidade humana que parece que a cada momento se nos escapa. E aqui, qualquer posição extremista está sempre a mais: quer a indiferença, o deixar correr (até à constatação dramática da crescente denúncia de violência doméstica), quer a exuberante exaltação feminista que cega o horizonte, podendo paralisar a relação humana pacífica e saudável (até em fragmentada família). (...) 
Falar da mulher (como falar de homem) com integralidade, será também e essencialmente pensar a Família: como está? Que concepções e visões, problemáticas e esperanças, de hoje e para amanhã?... Há quem diga que (com tanta radicalidade em alguns sectores que se observa na chamada vida moderna... e com crianças que já há muito não recebem a educação de Pai e Mãe) estamos em caminhos de retrocesso em relação à própria dignidade de cada um. Homem e Mulher perdem(-se)! 
A valoração dignificante só se encontra pela alteridade, na relação com o outro, e nunca pelo isolado individualismo; aqui preside a ilusão, já que ninguém será autenticamente feliz sozinho. Quase dizemos que, quer queiramos quer não, temos de re-aprender a viver uns com os outros! Porquê 8 de Março - Dia Internacional da Mulher? 
A história não é animadora no contexto de revolução industrial. Neste dia, no ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve. Ocuparam a fábrica a fim de justamente reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, fora declarado incêndio. Morreram queimadas 130 mulheres. 
Em 1910, numa Conferência Internacional de Mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". Se da história, na antiguidade clássica (em Roma) a mulher infelizmente não era sujeito de direito ..., foi o horizonte do Cristianismo, com maior vigor a partir do século IX, que ajudou a criar sentido de humanidade rumo à dignificação da mulher. E tudo parte da família: na ideia da instauração do casamento monogâmico como factor decisivo (até para a progressiva intervenção na corte...), a mulher passou a ser o elemento essencial na constituição da família. 
Se o caminho sofrido já vai muito longo, que se apresse uma nova consciência universal, em que será o Ser Humano na sua essência e competência a viver caminhos situados de igualdade, onde nunca se tratará de clonar ideias de um inconsciente igualitarismo, mas um profundo e humilde apreciar a riqueza e beleza das tarefas diferenciadas de cada um na mesma construção da família e, por isso, do mundo mais humano.

Alexandre Cruz, do CUFC

Quaresma no CUFC

Via-Sacra para revisão de vida
O CUFC - Centro Universitário Fé e Cultura está a viver a Quaresma, envolvendo quantos desejam preparar a Páscoa, em espírito de bondade, justiça e verdade. Seguindo o apóstolo Paulo, os crentes e todos os homens de boa vontade são convidados a oferecer maior clareza às escuridões da história, revestindo de luminosidade valorativa, e pela positiva, tudo quanto será o pensar e o agir do dia-a-dia. Paulo deixou-nos, para esta semana, importantes desafios quaresmais, no sentido de que ninguém deixe passar o tempo, ficando adormecido em relação a melhorar algo na vida, sua e dos outros, rumo a uma sociedade mais fraterna. Amanhã, quarta-feira, 9 de Março, pelas 21 horas, no CUFC, haverá uma caminhada meditada - uma VIA-SACRA para revisão de vida - com a participação e dinamização de grupos, movimentos e comunidades que vivem e crescem à sombra da fé em Jesus Cristo, alicerce de um mundo melhor. Todos estão convidados.

segunda-feira, 7 de março de 2005

UE deve ser modelo de unidade

João Paulo II escreveu hoje que a UE constitui “um modelo de vontade política em favor da unidade dos povos e da paz”, especialmente importante nos nossos dias.“No mundo de hoje, fragilizado pelo perigo do terrorismo e pela persistência de conflitos duráveis e sempre ameaçadores, a União Europeia aparece aos nossos olhos como um modelo de vontade política em favor da unidade entre os povos e da paz”, refere o texto papal, dirigido ao novo embaixador da Grécia junto da Santa Sé.
As cartas credenciais de Stavro Lykidis e também do novo embaixador da Áustria, Helmut Turk, foram recebidas pelo Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, devido ao internamento do Papa.A mensagem papal convida os Estados-membros da UE a “trabalhar com todas as suas forças em favor do entendimento entre os povos, bem como pelo reforço das instituições internacionais encarregadas de o garantir”.
João Paulo II apela ainda a “uma política corajosa de desenvolvimento em favor dos países mais desfavorecidos, mormente no continente africano”.Tendo como pano de fundo a catástrofe do maremoto do passado dia 26 de Dezembro, o Papa destacou a capacidade de “mobilização da comunidade internacional”.“Devemos esperar, portanto, uma mobilização semelhante das nações e das pessoas, em favor da paz e do homem”, apontou.
Fonte: ECCLESIA

Câmara de Aveiro oferece à cidade CASA MUNICIPAL DA CULTURA

Os aveirense já podem contar com mais um espaço cultural. A Casa Municipal da Cultura foi inaugurada no domingo pela autarquia aveirense, ficando desde agora à disposição de toda a população, através da instalação no edifício de 15 instituições. O antigo imóvel do Turismo e que também já albergou a Biblioteca Municipal não deixará de implementar as mais variadas áreas da cultura aveirense, graças a novas possibilidades que foram oferecidas às colectividades culturais concelhias. Estou em crer que, a partir desta inauguração, os aveirenses, e não só, saberão aproveitar esta boa oferta da Câmara Municipal de Aveiro.

LEITURAS

1 – Graça Franco é uma jornalista que gosto de ler. As suas reflexões, que habitualmente publica no PÚBLICO, dizem-me sempre muito. Hoje proponho a leitura do seu texto, intitulado “Ética procura-se com carácter de urgência”. 2 – Uma outra sugestão. No mesmo jornal, vem uma entrevista ao Prof. Adriano Moreira, um intelectual que domina várias frentes e cujo pensamento vale a pena conhecer. Leia, pois, "A experiência do Iraque deve ser a vacina definitiva contra os unilateralismos".

CULTURA à nossa volta

Pintura
Os mais pessimistas têm o hábito de dizer que não há acções culturais à nossa volta, atirando para cima do Estado, autarquias, Igreja e instituições a culpa dessa situação. Nada mais errado. À nossa volta há uma infinidade de propostas de âmbito cultural, espiritual e social, como talvez nunca tenha acontecido na história. Basta olhar e ver o muito que se faz por cidades, vilas e aldeias, para constatar aquela realidade. Só quem não quer ver é que não vê. Desde cinema a teatro, desde dança a música para todos os gostos, desde palestras e seminários a encontros, desde conferências a exposições de pintura, escultura e fotografia, desde festivais de folclore e etnografia a edições de livros e CD, desde revistas a jornais que fazem pensar, desde programas de rádio e de TV a concertos,desde museus a monumentos por todo o lado, de tudo podemos usufruir. Todos os dias os meios de comunicação social nos alertam para os programas mais importantes, para os projectos artísticos mais expressivos, para o trabalho de artistas das mais diferenciadas áreas, para a literatura de grandes e de promissores artistas, para espectáculos de encher o olho e a alma. E depois, clamam que não há nada para ninguém. A verdade é esta: às vezes, são muito poucos os que estão atentos ao que acontece de importante; outros, em número muito mais elevado, ficam só pelo futebol. É pena. Então, o que poderemos fazer? Muito simplesmente oferecer o nosso estímulo a quem participa raramente, ou quase nada, nos projectos culturais que são oferecidos a todos, normalmente por preços modestos ou mesmo gratuitamente. E dizer aos que nos cercam que o homem é um todo: cultural, religioso, social e artístico. E não apenas trabalho, desporto e divertimentos fúteis. F.M.

domingo, 6 de março de 2005

III JORNADAS EUROPEIAS DAS UNIVERSIDADES

PAPA envia mensagem aos universitários João Paulo II deixou ontem um recado aos jovens universitários europeus: "Não existe contradição entre a Fé e a razão." E logo sublinhou que, "apesar de não poder estar presente no meio deles, não deixa de lhes estar próximo através da afeição e das suas orações". Na sua mensagem, dirigida aos universitários europeus, pediu que "nunca deixem de descobrir a verdade da sua existência, porque a Fé a Razão são duas asas que conduzem a Cristo, verdade de Deus, verdade do homem". O Papa recordou, ainda, a importância da busca intelectual como caminho para encontrar Cristo. As palavras do Santo Padre foram o ponto alto destas celebrações das III Jornadas Europeias das Universidades, que preparam a Jornada Mundial da Juventude. Esta Jornada decorrerá na Colónia, Alemanha, no próximo mês de Agosto. Os universitários estiveram presentes na Aula Paulo VI (Vaticano), na Catedral de Bari, Berlim, Bucareste, Kiev, Lisboa, Madrid, Tirana, Zagreb e nos Santuários de Santa Maria da Vitória (Londres) e de Nossa Senhora da Guarda (Génova), para a recitação do terço, cujo primeiro mistério foi rezado a partir da Sé de Lisboa, sob a presidência de D. José Policarpo, Cardeal-Patriarca. Como sempre, a Mensagem do Santo Padre foi largamente aplaudida, como se o Papa estivesse junto dos jovens universitários.

LEITURAS

Como habitualmente, sugerimos a leitura de dois bons artigos, dos bem conhecidos Frei Bento Domingues, “Deus não fecha ao sábado”, e António Barreto, “Interesses. Ligações”, ambos publicados no PÚBLICO. Neste mesmo jornal, pode ainda ler o artigo de António Marujo, intitulado “Papa terá de reduzir a sua actividade se quiser continuar a liderar a Igreja

JACINTA canta e encanta

Tributo a Bessie Smith
Cantora de jazz Jacinta
Os CD não são como alguns livros, que ficam guardados na estante depois de serem lidos. Os CD são para serem ouvidos com frequência, ou seja, sempre que os apetites musicais os convoquem ou os ritmos nos venham à memória. É assim que costumo fazer. E hoje, num domingo de muita tranquilidade interior, vou ouvir, mais uma vez, Jacinta e o seu Tributo a Bessie Smith. É o seu primeiro CD, mas há outro na forja, para quem gosta de jazz. Jacinta é uma cantora de jazz da Gafanha da Nazaré. Estudou piano e composição na Universidade de Aveiro, onde se licenciou, e distinguiu-se no Chuva de Estrelas. Mais tarde, em 1997, rumou a Nova Iorque, para frequentar a Manhattan School of Music, onde foi premiada com bolsa de estudos. Concluiu o mestrado em Jazz Vocal e tornou-se cantora profissional. A partir daí, começou a cantar, tendo merecido os mais elevados elogios, pela voz potente e bem timbrada e pela forma como a domina. José Duarte, o autor e apresentador do programa "Um, Dois, Três... Cinco Minutos Jazz", considerou Jacinta como "A cantora de jazz portuguesa". O maior elogio que uma artista pode ouvir. Jacinta foi a primeira cantora de jazz do nosso País a gravar na conceituada editora discográfica Blue Note, augurando-se-lhe largo futuro nesta área musical, tal é força da sua arte e da sua vontade. Entretanto, para além de concertos, por Portugal e pelo estrangeiro, Jacinta ainda tem tempo para dar aulas numa escola particular de Aveiro. No próximo dia 10 de Março, participará no Festival de Jazz de Braga.
E agora vou ouvir o CD de Jacinta. E não me canso. F.M.