segunda-feira, 4 de abril de 2005

Mensagem do Bispo de Aveiro sobre a morte do Papa

D. António Marcelino
JOÃO PAULO II
- UM TESTEMUNHO QUE NOS ENRIQUECEU A TODOS Comecei a escrever estas palavras quando, preso à catadupa de notícias que chegavam ao mundo inteiro, se ia dizendo da gravidade do estado de saúde do Papa, cuja vida, presa por um fio, estava a chegar ao seu termo. Invadiu-me, então, uma forte emoção que não tentei reprimir. Algumas lágrimas, nascidas de um coração sensível, que aceitava, sem reticências, o querer de Deus, marejaram-me os olhos. Lágrimas de sentida gratidão. O Papa é um mortal, como qualquer de nós. A sua fragilidade física, a aumentar cada dia, vinha-me preparando para momentos de inevitável pesar. João Paulo II é um irmão, muito chegado, que me entrou, por inteiro, no coração e na vida, e me permitiu a experiência pessoal, já iniciada com Paulo VI, de tocar de perto e com uma normalidade inesquecível, a possibilidade de uma Igreja hierárquica próxima das pessoas, o calor da comunhão fraterna a estimular, cada dia, o sentido de serviço, a abertura a todos, sem excepção, porque ele sabia que em todos se esconde e se pode encontrar o Deus amor, que de mil modos actua e se revela. Todos os bispos, por força da sua missão, mantêm uma especial relação com o Papa, com encontros pessoais regulares, pelo menos de cinco em cinco anos, em visitas programadas. Para além destes encontros com João Paulo II que, para mim, foram vários, dado os trinta anos de episcopado que estou prestes a completar, muitos outros se proporcionaram pela minha participação em três sínodos dos bispos com a presença diária do Papa, e nos vários simpósios dos bispos da Europa, realizados em Roma. Ainda nas suas vindas a Portugal ou em idas minhas a Roma, por motivo de reuniões e congressos com audiência papal. Sempre encontros gratificantes. Foi também a concelebração eucarística em grupo na capela pessoal do Papa e, meia dúzia de vezes, a refeição à sua mesa de todos os dias. Toda esta proximidade gerou estima, amizade e admiração e até um certo à-vontade. Podíamos, então, fazer perguntas ao Papa e estabelecer uma conversação que nada tinha de formal. João Paulo II favorecia muito esta aproximação, com o seu interesse, bom humor e conhecimento da nossa língua, fazendo questão de falar e querer que falássemos em português. No sábado à noite estava a celebrar a Confirmação numa paróquia da diocese, quando a notícia, por demais esperada, chegou. Convidei o povo a rezar e a agradecer o grande dom à Igreja e ao mundo, que foi João Paulo II e pude, então, aplicar logo por ele a Sagrada Eucaristia. Dei graças a Deus por assim ter sido. Foi para mim o momento mais propício para acolher, para rezar, para agradecer. Eu sei que o Papa continua vivo. O muito que nos deixou é património da Igreja e da humanidade. Não o quero perder. Não o podemos perder. António Marcelino, Bispo de Aveiro

Exéquias pelo Papa na Sé Catedral

Sob a minha presidência, haverá exéquias solenes na quinta-feira, dia 7, na Sé Catedral de Aveiro, às 19 horas. Dado que os Bispos de Portugal se encontram em assembleia plenária em Fátima, de segunda a quinta-feira, só nesse dia posso estar, como é meu desejo e meu dever.
Para esta celebração convido os presbíteros e os diáconos, os consagrados e os leigos, os jovens e os adultos, a diocese e a cidade, representantes das paróquias e dos movimentos apostólicos.
Convido, também, as diversas instituições da comunidade civil e todas as pessoas de boa vontade, porque, para ninguém, João Paulo II é uma pessoa estranha.
Peço a todos os párocos que organizem, nestes dias, celebrações de sufrágio pelo Santo Padre de modo a que todos os paroquianos se possam associar, em oração fervorosa, por João Paulo II e, em serena reflexão, pelo que a sua vida significou e significa para a Igreja, para o mundo, para cada um de nós.
António Marcelino, Bispo de Aveiro

Sé de Aveiro: Exéquias solenes em memória do Papa

Na Sé de Aveiro, D. António Marcelino presidirá, na próxima quinta-feira, pelas 19 horas, às exéquias solenes, em memória do Papa João Paulo II.
Entretanto, o prelado aveirense confessou à Renascença estar muito emocionado com a forma como o mundo está a reagir à morte de João Paulo II, tendo frisado que a abertura demonstrada nos últimos dias pela China para um novo relacionamento com a Igreja Católica já é uma graça do falecimento do Papa.
D. António Marcelino considerou que João Paulo II levou, durante o seu Pontificado, o diálogo ecuménico a um patamar tão elevado, que o próximo Papa não pode deixar de continuar.
Todos as pessoas são convidadas a participar nesta cerimónia, que se realiza no dia anterior ao funeral do Papa João Paulo II.

Papa enfrentou regimes e sistemas

O Papa enfrentou regimes e sistemas, afirmou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, no domingo, na missa por alma de João Paulo II
Só na generosidade, solidariedade e no compromisso com os outros, o Homem descobre a sua própria vida. "Foi isso que fez de João Paulo II, não só um grande pastor da Igreja mas um grande símbolo da humanidade", realçou D. José Policarpo, Patriarca de Lisboa, na homilia da celebração de domingo, na Sé de Lisboa. Nesse abraçar "apaixonadamente o destino da humanidade, agigantou-se a energia espiritual de um grande crente", afirmou o Cardeal de Lisboa, que é também o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. A força deste homem que o fez percorrer o mundo e "enfrentar as grandes causas da humanidade foi a força da fé". "A sociedade contemporânea, na variedade de religiões e culturas, nas contradições paradoxais entre desejos anunciados e caminhos percorridos, no traumatismo de páginas da história que todos gostaríamos de esquecer, o ateísmo e a descrença assumidos como valores, parece mais antagónica que convergente com este anúncio de esperança cristã", referiu o purpurado. João Paulo II - sublinha D. José Policarpo - foi "um dos que ousaram percorrer corajosamente esses caminhos". Na sua primeira visita a Portugal, recorda o Patriarca de Lisboa, João Paulo II disse-lhe: "bispo é aquele que vai sempre à frente" e que "discerne caminhos novos". Durante o Pontificado deste Papa, "tivemo-lo como pastor corajoso. Sempre à frente com passada rasgada e decidida. Não escondendo o peito das ameaças que pesam sobre a Igreja e sobre o homem. Chocando o mundo e surpreendendo muitos. Galvanizando multidões", disse na homilia o Patriarca de Lisboa. No seu caminho pastoral, João Paulo II enfrentou "regimes e sistemas"; "quebrou tabus" e "abriu as portas do diálogo entre culturas e religiões", sublinhou D. José Policarpo.
Fonte: Agência Ecclesia

João Paulo II será sepultado na Basílica de São Pedro

Funeral do Papa na sexta-feira
O funeral do Papa João Paulo II terá lugar pelas 10 horas (hora local, 9 horas em Lisboa) de 8 de Abril, sexta-feira. A decisão foi tomada na segunda das Congregações Gerais dos Cardeais, concluída há minutos, com a participação de 65 Cardeais. A missa exequial terá lugar na Basílica de São Pedro, sob a presidência do Cardeal Joseph Ratzinger, Decano do Colégio Cardinalício. Posteriormente, o corpo do Papa será sepultado na cripta da Basílica de São Pedro, após as cerimónias de encomendação. O porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, negou que João Paulo II tivesse manifestado qualquer vontade ou explicitado qualquer disposição para ser sepultado na Polónia. Hoje, 4 de Abril, o féretro de João Paulo II será trasladado pelas 17 horas da Sala Clementina para a Basílica de São Pedro, seguindo-se uma celebração da Palavra presidida pelo Camerlengo da Santa Igreja Romana, Cardeal Martinez Somalo. Cerca de uma hora depois, os fiéis de todo o mundo poderão prestar a sua última homenagem ao Papa. Tendo em vista o previsível afluxo de peregrinos, a Basílica permanecerá aberta toda a noite, fechando apenas das 2 às 5 horas da manhã, para operações de limpeza. (Para ler o artigo todo, clique ECCLESIA)

domingo, 3 de abril de 2005

Artigo de José Manuel Fernandes, director do "PÚBLICO"

O Papa da liberdade Morreu como sempre viveu: com enorme coragem, a eterna coerência, as convicções inabaláveis, a persistência do lutador que nunca desiste. Sobretudo nunca desiste de ser quem é, de assumir até às últimas consequências a sua liberdade interior, de não se render às circunstâncias, mesmo as mais adversas. As últimas semanas, os últimos meses - os últimos anos? - foram de um grande sofrimento. Karol Wojtyla era um homem tolhido pela doença, diminuído há muito pelo atentado quase fatal de 1981 - agora confirmadamente uma obra do KGB - e que, mesmo assim, não se eximia a qualquer das que acreditava serem as suas obrigações. Num mundo onde a velhice, em especial a degradação do corpo que surge com a doença e a idade, é tantas vezes escondida e motivo de vergonha, João Paulo II assumia-se como era perante todos. Não para exibir a dor ou inspirar piedade, mas porque era um velho doente e queria dizer a todos que um velho doente não deixa por isso de ser o mesmo ser humano, merecedor do mesmo respeito, senhor da sua inalienável dignidade. Num tempo em que tudo fazemos para evitar a dor e fugir ao sofrimento, João Paulo II não deixava de tentar cumprir todos os rituais ligados à sua função mesmo que isso implicasse dor e sofrimento - até porque assumir o sofrimento próprio e entendê-lo como a vontade de Deus faz parte da herança da Cristandade, da crença mais profunda dos fiéis. Acreditar, ter fé, é um dom - e escrevo-o como alguém que conheceu e perdeu a fé. Quando essa fé tem o poder e a intensidade que se percebia em João Paulo II - não é certamente por acaso que D. José Policarpo, patriarca de Lisboa, escreveu que a imagem mais forte que guarda de João Paulo II é do "Papa como um grande crente" - ela determina cada gesto, cada decisão, toda a iniciativa. Admito que é difícil, para todos, mesmo para os católicos, entender o significado integral da entrega de alguém como Karol Wojtyla, sobretudo quando o seu ministério é mais controverso. No entanto julgo que, sobrepondo-se a todas as diferenças de opinião, temos de olhar para o seu legado como algo de que não podemos guardar o que gostamos e esquecer o que não gostamos: temos de o tentar compreender na sua integralidade pois corresponde à imensa coerência e complexidade de alguém que nunca desistiu e sempre lutou pelas suas convicções mais profundas. (Ler o texto na íntegra no "PÚBLICO")

Efeméride: Agostinho da Silva

No domingo de Páscoa de 1994, 3 de Abril, morreu em Lisboa o professor e pensador Agostinho da Silva, depois de uma vida cheia envolta no sonho do 5º império. Do homem que acreditava que o Portugal do século XXI haveria de revelar ao mundo, "sobretudo pelo ser de cada um, o que se vai atingir para além do mundo, com toda a física e metafísica; todas as coisas várias e as mesmas; todos os povos um só e diferentes; todas as características uma e diferentes; todos os ideais diferentes, e um só". Agostinho da Silva nasceu no Porto em 1906 e em 1931 a Universidade da cidade invicta confere-lhe o doutoramento com distinção pela tese que desenvolveu, "O Sentido Histórico das Civilizações Clássicas". Inconformista, procura conhecimentos e culturas em todo o lado, funda Centros de Estudos no País e no estrangeiro, passa por Aveiro onde foi professor do Liceu José Estêvão, em 1933, profere palestras, cria Universidades e lecciona no Brasil e noutros países de vários continentes, escreveu livros. Foi um autêntico andarilho da cultura e da educação pelos quatro cantos do mundo. Eduardo Lourenço diz do pensador que "a encarnação perfeita de uma experiência transparente", que foi um "místico" e até um "excêntrico". Lembra, ainda, que Agostinho da Silva foi "o homem dos sete ofícios, profeta, pedagogo, sábio, naturalista por conta própria", onde "A Natureza e a face misteriosa, terrífica, o símbolo dos pesadelos e das ficções científicas, repousava nas suas mãos como num berço". F.M.

Editorial do "Expresso"

A linha da vida "A terrível batalha jurídica que se desenrolou nos Estados Unidos, com os tribunais a legislarem sobre o corte ou não corte do fio que ligava uma mulher à vida, e a luta que decorre em Portugal a propósito da marcação da data do referendo do aborto, trouxeram de novo à actualidade o debate sobre a vida humana. A questão coloca-se de forma muito simples: uns defendem que não é legítimo intervir sobre a vida de um ser humano, desde o momento da concepção até ao momento da morte, outros consideram que essa intervenção é legítima. Os primeiros condenam, por exemplo, o aborto e a eutanásia. Os segundos aceitam-nos. O Expresso, não sendo um jornal confessional, como é sabido, tem-se mantido intransigentemente contrário à manipulação da vida. Para nós, é necessário que haja uma linha clara, nítida, que separe a vida da morte - e que na transposição dessa linha não exista intervenção de ninguém. Ora os que defendem a eutanásia e o aborto estão a admitir que a linha que protege a vida não é nítida, que o início da vida e o momento da morte são discutíveis, que um ser com menos de 12 semanas não pode ser considerado um ser humano e que um homem ainda vivo pode já 'merecer' estar morto - sendo admissível, por isso, o golpe de misericórdia. Esta aceitação da ideia de que à volta da vida não deve haver uma linha inviolável mas uma nebulosa, e que são legítimas as intervenções nessa zona no sentido de interromper a vida ou apressar a morte, é um passo terrivelmente perigoso. Porque, além da eutanásia e do aborto, abre o campo a outras enormidades como a pena de morte. Ou a pensamentos ainda mais tenebrosos como este: se uma pessoa deixou de trabalhar e de ser produtiva, se se tornou um estorvo para os seus familiares, porquê mantê-la viva? Se a eutanásia é permitida, por que não alargar esse conceito aos velhos que só representam encargos para a sociedade e um peso insuportável para os parentes? Aceitar a manipulação da vida é um risco tremendo. Aqueles que, por razões ideológicas ou porque consideram que isso é 'moderno', defendem 'causas' como a eutanásia e o aborto, deveriam pensar um pouco mais a fundo até onde isso nos poderá levar."
NB: Transcrevo o Editorial do "Expresso" desta semana porque julgo que pode ajudar muita gente a pensar.

A globalização está a dar cabo de nós

No seu espaço habitual do suplemento "Economia & Internacional" do "Expresso", Nicolau Santos afirma que a globalização está a dar cabo de nós, garantindo que "não há milagre de produtividade que consiga reduzir o diferencial do custo de mão-de-obra entre a Europa e a China". E sublinha, a seguir, que o inevitável "é a concentração da riqueza num cada vez menor número de megaempresas e o avanço da pobreza e da insegurança profissional à escala planetária". Depois de contar a história económica do Japão, que passou quase do pleno emprego no pós-guerra para uma situação em que 40 por cento dos japoneses ocupam, presentemente, um posto de trabalho a tempo parcial ou a termo certo, Nicolau Santos afirma que a globalização vai fazer com que "a esmagadora maioria das nossas empresas têxteis desapareça, deixando no desemprego de 75 a 100 mil trabalhadores nos próximos cinco anos". Refere, por outro lado, que o movimento da integração europeia "vai tornar-nos o Alentejo da Europa, desertificado e pouco interessante, com os nossos melhores quadros e os nossos filhos a emigrarem para centros urbanos europeus bem mais compensadores do ponto de vista profissional, social e cultural". No entanto, Nicolau Santos frisa que ainda há soluções para evitar esta catástrofe, soluções essas que passam por algumas empresas nacionais dominarem sectores estratégicos e por haver incentivos a investimentos estrangeiros em investigação e desenvolvimento entre nós. Mais: por estimular o orgulho dos empresários nacionais em manterem as empresas nas suas mãos, por fazer compreender aos sindicatos que não pode estar em jogo os aumentos salariais, mas saber se ainda teremos um emprego daqui a cinco anos. Numa perspectiva positiva, temos de olhar, de facto, para a evolução do mundo económico, matriz do progresso a nível de bem-estar social. A economia, hoje, está na base de tudo, podemos mesmo dizê-lo. Mesmo acima das políticas governamentais, que pouco poderão fazer para além do estímulo e da criação de estruturas de apoio ao desenvolvimento empresarial, sempre no respeito pelo princípio da defesa dos mais frágeis da sociedade, como é próprio de uma democracia solidária. F.M.

sábado, 2 de abril de 2005

Vela que iluminou o mundo extinguiu-se

Hoje, primeiro sábado de Abril de 2005, pelas 20.37 horas de Lisboa, extinguiu-se uma vela que iluminou o mundo. Vela que irradiou luz e calor humano, que deu brilho a gestos de verdade, que inspirou caridade, que valorizou a solidariedade entre todos os homens de boa vontade. Vela que iluminou caminhos de paz e de fraternidade entre povos e nações, que valorizou a harmonia entre as pessoas. Vela que clamou por justiça e que abriu pistas de amor, para um mundo muito melhor. João Paulo II fica na história da Igreja e do mundo como um arauto das causas justas, do entendimento entre cristãos de todas as denominações, do diálogo inter-religioso, do respeito pelos não crentes. Mas fica também como o Papa corajoso que esteve em todas as frentes na luta pela dignificação do homem e da mulher, dos jovens e idosos, dos marginalizados e esquecidos, dos pobres dos pobres. João Paulo II foi, sobretudo, um Papa de fé, de uma fé dinâmica e aberta, determinada e ao mesmo tempo serena, que se apresentou em todos os areópagos mundiais, durante 26 anos, para apelar aos homens que abrissem os seus corações a Cristo, rumo à construção de uma nova ordem social e espiritual, onde todos fossem irmãos. João Paulo II deixou-nos fisicamente, mas continuará connosco, com todos os que viam nele um reflexo visível da mensagem de Cristo, mensagem que ele apresentou, como poucos, a todas gerações e para todos os tempos. João Paulo II, agora que está no seio de Deus, não se esquecerá de nós, como bom pai que foi para todos os que o ouviam e seguiam. Afinal, o peregrino do mundo, o incansável defensor dos oprimidos, o doente sem queixumes, o homem de rosto calmo e de palavra doce, permanecerá no meio de nós. Para sempre. Fernando Martins

MORREU JOÃO PAULO II

O Santo Padre faleceu esta noite, às 20.37 horas (hora de Lisboa), no seu apartamento privado
João Paulo II morreu esta noite, aos 84 anos, na sequência do progressivo agravamento do seu estado de saúde, ao longo dos últimos dias. A notícia foi confirmada oficialmente pelo Vaticano. "O Santo Padre faleceu esta noite às 21. 37 horas (hora local, menos uma em Lisboa), no seu apartamento privado", refere o comunicado difundido pelo porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls.
"Todas as disposições previstas na Constituição Apostólica 'Universi Dominici Gregis', promulgada por João Paulo II a 22 de Fevereiro de 1996, entraram em vigor", acrescenta. O Papa morre num primeiro sábado do mês, dia particularmente dedicado à figura da Virgem Maria, de quem sempre foi particularmente devoto. "É com emoção e com profundo sentimento que anunciamos a morte João Paulo II, o Papa que durante 26 anos de Pontificado confirmou a Fé e contribuiu para solidificar os fundamentos da fé e da solidariedade entre todas as nações. Recomendamo-lo ao Senhor", anunciou a Rádio Vaticano. O Papa polaco foi uma das figuras mais marcantes da história recente, na Igreja e no mundo, e deixa atrás de si a herança de um longo Pontificado de 26 anos e meio (1978-2005) o terceiro mais longo da história da Igreja. (Pode ler mais na ECCLESIA)

IGREJA acompanha momentos finais do Papa

O Vaticano não esconde que João Paulo II vive os momentos finais, explicando que o Papa se encontra em condições “gravíssimas” e começa a entrar num estado de perda de consciência. De acordo com o último comunicado disponível, as condições gerais cardio-respiratórias e do metabolismo “permanecem substancialmente inalteradas e são, por isso, gravíssimas”.Desde o amanhecer deste sábado, o Papa começou a ter perdas de consciência, embora o porta-voz do Vaticano negue o estado de coma noticiado por várias agências internacionais. “Desde o começo da manhã de hoje foi observado um compromisso inicial do estado de consciência”, disse Navarro-Valls, explicando que o Papa parece “estar a dormir” e que “não está tecnicamente em estado de coma”.Milhares de fiéis acompanham o evoluir da situação na Praça de São Pedro, diante da janela dos aposentos de João Paulo II, cujas luzes se mantiveram acesa durante toda a noite.A noite passada foi marcada pelo silêncio e o recolhimento, num local marcado por milhares de intervenções, muitas das quais históricas, e por momentos de grande intimidade entre o Papa e os peregrinos, ao longo destes 26 anos e meio de Pontificado. (Para ler o texto na íntegra, pode clicar em ECCLESIA)

PAPA continua a piorar

Segundo as últimas notícias, o Santo Padre não está em coma, mas o seu estado de consciência começa a ficar comprometido. Esta informação partiu do porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, num comunicado oficial revelado há minutos, divulgou a ECCLESIA :“desde o começo da manhã de hoje foi observado um compromisso inicial do estado de consciência”. Navarro-Valls acrescentou, contudo, que “o Papa não está tecnicamente em estado de coma”. O estado de saúde de João Paulo II permanece "substancialmente inalterada", ou seja, condições "gravíssimas".Um novo comunicado está previsto para o final da tarde.Navarro-Valls assegurou que, na tarde de ontem, João Paulo II terá pronunciado algumas palavras para agradecer a presença dos jovens neste momento delicado da sua vida.

DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL

Como já informei aqui, celebra-se hoje o DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL, precisamente no dia em que se recorda a data em que nasceu o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, há 200 anos. Este Dia Internacional, com os méritos de todos os outros, deve levar-nos a reflectir sobre o que podemos fazer a partir de hoje, concretamente na linha da promoção do livro infantil e do incitamento à leitura, sendo certo que aqueles dois pontos são, sem sombra de dúvidas, um excelente contributo para a formação de mulheres e homens novos. Novos, porque enriquecidos pela cultura, pelo conhecimento, pelo respeito por outras formas de pensar e de viver que as leituras proporcionam. O DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL é para ser vivido pelas crianças, é verdade, mas também pelos pais e educadores, todos em perfeita sintonia, porque só assim encontrará êxito. E para isso, proponho aos responsáveis pela educação de crianças a leitura de um livro, editado há poucos dias, que é uma boa ajuda para quem tem de saber o que oferecer aos novos leitores. Trata-se de "Dez réis de gente... e de livros", de Sara Reis da Silva, onde a autora nos encaminha para escritores lusófonos, dando informações importantes a quem tem de aconselhar um livro para a infância.
F.M.

Noite de oração pelo Santo Padre

Em todo o mundo católico, a última noite foi de vigília e de oração pela saúde do Papa. E a esse mundo, muito ligado a João Paulo II, juntou-se o mundo de outros cristãos, do Islão e de outras religiões e formas de espiritualidade, bem como o mundo dos não crentes. Foi uma homenagem universal ao homem que durante 26 anos lutou incansavelmente pela paz, pela justiça social, pela harmonia entre povos e nações, mas também pela instauração do Reino de Deus na Terra, no seguimento da Boa Nova de Jesus Cristo. Também estivemos, todo o dia, neste espaço partilhado, em sintonia com todos os que reconhecem a importância do papel desempenhado pelo Santo Padre na defesa dos mais pobres, dos perseguidos, dos marginalizados, dos oprimidos e dos deserdados da sorte, precisamente quando as sociedades passam por eles com olhares indiferentes. A esta hora, pouco ou nada se sabe sobre o estado de saúde do Santo Padre, desde o fim da tarde de ontem. O que sei é que gostaria de receber a notícia de que o Papa teria conseguido resistir à doença. Para ao menos, com o seu olhar terno e bondoso, nos fixar, nem que fosse apenas mais uma vez. F.M.

POSTAL ILUSTRADO

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sexta-feira, 1 de abril de 2005

PAPA WOJTYLA: Biografia de João Paulo II

Foto da ECCLESIA
O Papa polaco é uma das figuras mais marcantes da história recente, na Igreja e no mundo, e tem atrás de si a herança de um longo Pontificado de 26 anos e meio.
Karol Wojtyla nasceu no dia 18 de Maio de 1920 em Wadowice, no sul da Polónia, filho de Karol Wojtyla, um militar do exército austro-húngaro, e Emília Kaczorowsky, uma jovem de origem lituana. Aos 9 anos de idade recebeu um duro golpe, o falecimento de sua mãe ao dar à luz a uma menina que morreu antes de nascer. Três anos mais tarde faleceu o seu irmão Edmund, com 26 anos, e em 1941 morre o seu pai. Em 1938 foi admitido na Universidade Jagieloniana, onde estudou poesia e drama. Durante a II Guerra Mundial (1939- 1945) esteve numa mina em Zakrzowek, trabalhou na fábrica Solvay e manteve uma intensa actividade ligada ao teatro, antes de começar clandestinamente o curso de seminarista. Durante estes anos teve que viver oculto, junto com outros seminaristas, que foram acolhidos pelo Cardeal de Cracóvia. Segundo relata o actual Pontífice, estas experiências ajudaram-no a conhecer de perto o cansaço físico, assim como a simplicidade, a sensatez e o fervor religioso dos trabalhadores e pobres. As marcas no seu corpo começam a aparecer quando em Fevereiro de 1944 é atropelado por um camião alemão e é hospitalizado. Ordenado sacerdote em 1946, vai completar o curso universitário no Instituto Angelicum de Roma e doutora- se em teologia na Universidade Católica de Lublin, onde foi professor de ética. (Para ler toda a biografia, clique aqui)

Estado de saúde do Papa

......... Declaração oficial do Vaticano sobre a saúde do Papa
As condições gerais e cardio-respiratórias do Santo Padre agravaram-se ulteriormente. Regista-se uma baixa da tensão arterial cada vez mais grave, enquanto a respiração se tornou superficial.Instaurou-se um quadro clínico de insuficiência cardio-circulatória e renal. Os parâmetros biológicos estão notavelmente comprometidos.O Santo Padre, com visível participação, associa-se à oração continua daqueles que o assistem.

O mundo reza pelo Santo Padre

João Paulo II continua em condições muito graves e o Vaticano não faz questão de esconder que todos os cenários são possíveis nos próximos momentos. Joaquín Navarro-Valls, porta-voz do Vaticano, refere que o Papa está "lúcido, plenamente consciente" e "muito sereno" diante deste momento de sofrimento. O último boletim clínico oficial explica que "a situação neste momento é estacionária, permanecem as condições de extrema gravidade. Os parâmetros biológicos estão alterados, a pressão arterial é instável". João Paulo II foi informado "da gravidade da sua situação", de acordo com Navarro-Valls, e perguntou se era "absolutamente necessário" ir para a Clínica Gemelli. Não sendo, decidiu permanecer no Vaticano. As recentes informações desmentem categoricamente que o Papa tenha caído num estado de coma. O Papa recebeu os seus colaboradores mais próximos e acompanha a situação através da oração: concelebrou hoje a missa no seu leito e pediu para ouvir a leitura das catorze estações da Via Sacra. Rezou a Liturgia das Horas e ouviu passagens da Sagrada Escritura, após ter recebido ontem a Unção dos Enfermos. (Para ler mais, clique ECCLESIA)

D. José Policarpo pede orações pelo Papa

------- Quanto tempo durará esta última etapa da vida do Papa? «Só Deus sabe» - disse o Patriarca de Lisboa aos jornalistas.
D. José Policarpo
O estado de saúde de João Paulo II "agravou-se muito seriamente nas últimas horas" , disse D. José Policarpo esta manhã aos jornalistas, mas "só Deus sabe quanto tempo durará esta última etapa da vida do Papa". "Este momento será fecundo para Igreja", realçou o Patriarca de Lisboa, ao pronunciar-se sobre o estado débil do Papa. Na conferência imprensa, o Patriarca de Lisboa referiu que "gostaria que as celebrações que hoje se realizam na diocese de Lisboa, e também nos próximos dias, tivessem explicitamente esse dom de união espiritual e de oração de acompanhamento do Santo Padre". A Igreja tem dois mil anos e o normal "é a continuidade". Esta alterna-se "com a resposta ao momento que passa". O mundo anda a uma velocidade estonteante; por isso, realça o Patriarca de Lisboa, "não merece a pena fazer prognósticos", porque "as exigências concretas do futuro pontificado podem exigir atitudes e decisões que neste momento ninguém consegue prever". O Pontificado de João Paulo II foi longo e "tem continuidade e originalidade". Em relação à estada de João Paulo II no seu quarto e não na clínica Gemelli, D. José Policarpo sublinhou que "as notícias que temos [dizem] foi uma opção dele". E acrescenta: "nos últimos séculos seria a primeira vez que um Papa morria fora do Vaticano." Como nunca participou em nenhum conclave, o Patriarca de Lisboa disse que "será tudo uma grande surpresa" para si. A sucessão "correrá normalmente" e não prevê nenhum "ambiente dramático". Para o futuro, D. José Policarpo mostrou a "sua disponibilidade total para fazer aquilo que a Igreja" lhe pedir. Os últimos papas têm publicado sempre um texto sobre a sua sucessão. A Constituição Apostólica «Universi Dominici Gregis» - afirma D. José Policarpo - diz que "só quando for declarado oficialmente a morte do Santo Padre é que o processo [da eleição de um novo Papa] se desencadeia". Com a morte do Papa "cessam todas as estruturas do governo da Santa Sé", assumindo o colégio dos cardeais o Governo da Igreja. Nessa altura, os cardeais serão convocados para Roma. E adianta: "os eleitores que vivem em Roma devem esperar pelo menos 15 dias, antes de iniciar o conclave, para dar espaço aos cardeais que estão fora de Roma [para] se dirigirem até lá." No caso do bispo de Lisboa, D. José Policarpo anunciou aos jornalistas que "quer ir ao funeral do Santo Padre".
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Fonte: Agência ECCLESIA

Sobre a vacatura da Sé Apostólica e eleição do Papa

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Se gostar de saber o que acontece quando o Santo Padre morre e como se processa a eleição de um novo Papa, clique aqui.

Orações pelo Santo Padre

Todo o mundo católico reza pelo Santo Padre, tal como acontece no Santuário de Fátima, a que João Paulo II se sente tão ligado. De Fátima, acabei de receber um comunicado que quero partilhar com os meus leitores -------
O Santuário reza pelo Santo Padre O Santuário está a acompanhar este momento com recolhimento e oração, e a acompanhar as informações veiculadas pela comunicação social, as quais dão conta do agravar do estado de saúde do Santo Padre. É um momento de tristeza, pelo sofrimento do Sumo Pontífice, mas sempre de fé e de esperança, reforçados pela força do testemunho que nos dá a firmeza da fé do Santo Padre, o seu amor à vida, a Deus e à humanidade. O Santo Padre, que tanto honrou Fátima e Portugal com as três visitas realizadas em 1982, 1991 e no ano 2000 –, fica para sempre ligado para sempre a este Santuário, com uma marca de profunda gratidão a Nossa Senhora de Fátima, que ele acredita que o salvou no atentado de 13 de Maio de 1981, em Roma. João Paulo II é, desde sempre, um grande devoto de Maria e, a partir do atentado de 1981, tornou-se o principal mensageiro da Mensagem de Nossa Senhora de Fátima no mundo, transmitida aos três Pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta. Aceitamos este momento como um momento da Providência Divina. Rogamos que se que faça a vontade de Deus e que o Santo Padre a aceite de todo o coração, como tem feito sempre. Desde há vários anos a esta parte, que se celebrada, às 11 horas, uma missa pelo Santo Padre. A missa de hoje, na Basílica do Santuário, será presidida pelo Padre José Ramos da Rocha, capelão do Santuário de Fátima. Ainda esta manhã, o Sumo Pontífice será lembrado na oração do Rosário, ao meio-dia na Capelinha das Aparições, orientado pelo Pe. Franco, dos Servos do Coração Imaculado de Maria.

Disposições do Papa sobre os seus últimos momentos

João Paulo II previu, à imagem dos seus predecessores, as disposições a serem tomadas por ocasião da sua morte, num documento publicado em Fevereiro de 1996. João Paulo II previu, à imagem dos seus predecessores, as disposições a serem tomadas por ocasião da sua morte, num documento publicado em Fevereiro de 1996: Constituição Apostólica «Universi Dominici Gregis » (Todo o Rebanho do Senhor).No capítulo V da primeira parte encontram-se os números referentes às “exéquias do Romano Pontífice” com regras claras para o tratamento mediático da morte do Papa.“Não é lícito a ninguém fotografar nem captar imagens, seja pelo meio que for, do Sumo Pontífice, quer doente na cama, quer já defunto, nem gravar em fita magnética as suas palavras para depois reproduzi-las”, lê-se no documento.A proibição de captação de imagens - visuais e sonoras - das últimos momentos e palavras do Papa reporta-se ao tempo de Paulo VI, depois do escândalo de Pio XII, em 1958, quando um dos seus médicos, Gáleas Lisi, publicou em livro fotografias do Papa no leito, com a máscara de oxigénio.Se alguém, depois da morte de João Paulo II, quiser tirar-lhe fotografias a título de documentação deverá pedir para isso a autorização ao Camerlengo, actualmente o Cardeal Eduardo Martinez Somalo, o qual, porém, só poderá permitir “que sejam tiradas fotografias ao Sumo Pontífice revestido com as vestes pontifícias”, conforme o documento em causa. (Informações da ECCLESIA)

João Paulo II em estado crítico

João Paulo II em estado crítico após paragem cardíaca. Novo comunicado oficial esperado para o fim da manhã .
João Paulo II sofreu uma paragem cardíaca e o seu estado é considerado crítico. Joaquín Navarro-Valls, porta-voz do Vaticano, anunciou ao início da manhã que após a infecção das vias urinárias, se registou uma infecção generalizada (septicemia) e preparou os fiéis para o pior. "Esta manhã, as condições de saúde do Santo Padre são muito graves", revelou Joaquín Navarro-Valls, o qual explica que após João Paulo II ter sofrido ontem uma infecção urinária, registou-se um "choque séptico" e "um colapso cardio-circulatório". "O Santo Padre foi imediatamente socorrido pela equipa de médicos de prevenção no seu apartamento privado", acrescenta a nota oficial, frisando que João Paulo II "está lúcido, consciente e sereno". O porta-voz do Vaticano confirmou igualmente que João Paulo II recebeu na quinta-feira a Unção dos Enfermos, mais precisamente às 19h17 (hora local, menos uma em Lisboa). "O Santo Padre exprimiu a vontade de ficar no seu quarto" em vez de regressar à clínica Gemelli, onde esteve internado por duas vezes desde Fevereiro, anunciou ainda Navarro-Valls. O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano, e outros colaboradores mais próximos do Papa seguem a evolução clínica de João Paulo II, que está a ser seguido pelo seu médico, Renato Buzzonetti, assim como dois especialistas em reanimação, um cardiologista, um otorrinolaringologista e duas enfermeiras. O comunicado oficial diz que as condições tinham estabilizado ontem ao final da noite, mas que conheceram nas últimas horas uma "evolução negativa". "A situação do Santo Padre é atentamente monitorizada e vigiada", assegura o Vaticano. Às 06h00 de hoje, diz o comunicado, "o Santo Padre concelebrou a Santa Missa".
ECCLESIA
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Nota: Ao longo do dia, procurarei oferecer aos meus leitores informações sobre o estado de saúde do Papa.
POSTAL ILUSTRADO Posted by Hello
Foto de Crixtina, pseudónimo artístico de Dora Bio,
uma jovem ilhavense com indiscutível talento para a fotografia artística