quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Gafanha da Nazaré: Cortejo dos Reis - 10 de Janeiro


Os magos à espera de serem recebidos pelo Rei Herodes

Tradição antiga a que não podemos ficar alheios

A Gafanha da Nazaré vai viver, no próximo dia 10 de Janeiro, mais uma festa, com o envolvimento do povo que a sente como tradição que importa preservar. Trata-se do Cortejo dos Reis, que seguirá o trajecto habitual, com início em Remelha, onde o Anjo anuncia aos pastores o nascimento do nosso Salvador, num humilde presépio, na cidade de Belém.
Perde-se no tempo a organização do primeiro cortejo levado a cabo, na quadra natalícia, pela comunidade católica de Nossa Senhora da Nazaré. Sabe-se que é antiga e que os autos, apresentados durante o cortejo, foram elaborados a partir da Bíblia e do livro Mártir do Gólgota, de Perez Escrich. Mas mesmo sem data de nascimento conhecida, todos os gafanhões interiorizaram a necessidade de celebrar o Natal de Cristo, à volta da visita que os Magos Lhe fizeram, para O adorar, como Rei do Universo.
Este ano, o Cortejo dos Reis vai ter uma alteração significativa, na apresentação dos autos. As cenas do Palácio de Herodes vão ter lugar, pela primeira vez, que saibamos, no Cruzeiro, seguindo-se os outros autos como é costume. Termina o cortejo com a cerimónia, sempre esperada, com alguma ansiedade, do Beijar do Menino, na igreja matriz, enquanto são entoados cânticos natalícios, alguns deles exclusivos da nossa comunidade.
Gostamos destas vivências natalícias, preparadas com sentido de fé, com o tempo preciso, por pessoas que assumiram há muitos anos essas tarefas como devoção anual, a que não podem, nem devem, faltar. Alguns, sobretudo os mais velhos, sabem de cor os papéis de todos, podendo substituir-se uns aos outros, em caso de urgência, com toda a naturalidade.
Como manda a tradição, espera-se que todos os movimentos, serviços, irmandades, instituições e organizações, empresas, famílias e povo em geral se mobilizem, com espírito de partilha.
Depois, há a preparação dos presentes, os grupos que se constituem para a recolha de donativos e para a animação, os carros que se enfeitam, os cânticos que se ensaiam e o leilão das ofertas e cuja receita reverte para a construção da nova Residência Paroquial, no local da antiga. Mais uma razão para todos participarmos nesta festa que é nossa e à qual não podemos ficar alheios.

Fernando Martins


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Manoel de Oliveira discursará a Bento XVI, no dia 12 de Maio





No encontro do mundo da cultura com o Papa

O cineasta Manoel de Oliveira foi a personalidade escolhida pelo mundo da cultura para discursar no encontro com Bento XVI, a decorrer no Centro Cultural de Belém (CCB), Lisboa, na manhã de 12 de Maio deste ano.
Bento XVI estará em Portugal de 11 a 14 e terá um encontro com agentes da cultura. “Na auscultação, as personalidades foram unânimes na escolha de alguém que está acima de diferentes sensibilidades e que defende nos seus filmes valores cristãos” – disse à Agência ECCLESIA D. Carlos Azevedo, coordenador geral da visita de Bento XVI a Portugal.

Fonte: Ecclesia

 

Sabe-se do desejo humano da altitude


Dubai


Os pés da torre Califa

1. Sabe-se do desejo humano da altitude. Este facto, despertado na antiguidade a partir da observação das aves do céu, na época actual projecta-se até à capacidade de colocar alta tecnologia nos ares, vencendo barreira(s) do som numa contínua busca de superação. Estando provado que quase não há impossíveis em termos de elaborações tecnológicas a verdade é que diante da poderosa força da natureza, tudo pode ficar tão pequeno e tão limitado. Também é certo que muitos dos grandes avanços no conhecimento científico e técnico foram conseguidos através de grandes riscos e mesmo grandes acidentes. Talvez o pior de tudo seja, nestes domínios, a afirmação exacerbada da autonomia humana, como se o homem inventasse o seu novo “deus” e vivesse a ilusão desse absoluto imbatível.

Escola Secundária da Gafanha da Nazaré ao encontro das Famílias





Com o objectivo de apoiar os pais que procuram ajuda junto dos directores de turma, no sentido de contribuírem para a educação dos seus filhos, a Escola Secundária da Gafanha da Nazaré avançou com algumas sugestões, que aqui reproduzo:


Sugestões para encarregados de educação

1. Supervisione o tempo que o seu filho(a) passa em frente à televisão.
2. Crie uma rotina de trabalho e estudo e reforce a necessidade de cumprir esse horário.
3.Tenha expectativas realistas face ao seu filho/a: nem demasiado ambiciosas nem demasiado baixas.
4. Nunca deixe o seu filho(a) sair de casa sem tomar o pequeno-almoço.
5. Assista às reuniões de pais.
6.Colabore com os professores do seu filho na realização de actividades extra-curriculares.
7.Informe o(s) professor (es) do seu filho sempre que esteja a acontecer algo que seja negativo para o seu desempenho.
8. Supervisione o acesso do seu filho/a à Internet.
9. Respeite o espaço do seu filho(a), não seja demasiado invasivo.

“A natureza não é um monte de lixo lançado ao acaso”


Heraclito



Entre o lixo e o paraíso

“A natureza não é um monte de lixo lançado ao acaso”.Disse-o Heraclito de Éfeso há 2500 anos. Lembrou-o Bento XVI na recente mensagem para o Dia da Paz. Há uma lei interna, secreta, inteligente, no coração das coisas, que remói a história, vai muito para além da escassez das nossas contas e das nossas vidas. Tudo nos foi confiado por Deus. Não somos donos dos vulcões, ventos e tempestades. Nem fazemos nascer as manhãs de suave brisa ou os tons sublimes do luar. Mas a Terra, ínfima parcela do universo, é a nossa casa. E merece o nosso olhar de respeito para que nos abrigue e permita em cada dia o pão e a alegria sobre a nossa mesa.

Para os lados de Copenhaga disseram que está doente o nosso planeta, sufocado pelos fumos de destruição que inventámos e exploramos sem medirmos o alcance do que jogamos em fogo, terra, ar e a água.
A Igreja diz-nos que isto é mais que uma questão técnica. Não envolve apenas os gelos e degelos, os mares e as marés. Envolve-nos. Lembra-nos o mistério de termos o mundo nas nossas mãos. Cada gota de orvalho vale um oceano. Cada grão de areia é como uma enorme praia. Cada minúscula semente tem a força duma floresta. Cada partícula de ar é um pulmão de vida que sofregamente respiramos.

Universidade de Aveiro já produz energia para consumo próprio desde Dezembro



A Universidade de Aveiro (UA) está, desde o início de Dezembro, a produzir energia para consumo próprio e, em breve, estará também a assegurar o aquecimento de cinco edifícios, mediante a instalação de painéis solares térmicos. Estas e outras medidas inserem-se no programa Eficiência Energética na UA, que envolve um investimento global de nove milhões de euros. A instituição de ensino superior espera ir mais além e, dentro de dois ou três anos, poder avançar com a instalação de painéis solares fotovoltaicos em mais dois edifícios.
Maria José Santana, no PÚBLICO

Nota: Bom exemplo... Há privados que também já avançaram. Quando as tecnologias nos oferecerem material mais barato, até seremos capazes de dispensar a EDP. Não temos nós tanto sol e tanto vento? Vamos começar a pensar nisso?

Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Socia



Mobilizar a sociedade
contra a pobreza e a exclusão

O Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social (AECPES) é oportunidade para lembrar responsabilidades de todos neste combate. Sem ficarmos a olhar para o lado, à espera que outros façam qualquer coisa de útil nessa linha, urge avançar com projectos que erradiquem ou minimizem a pobreza que existe à nossa porta. É que, se nada fizermos, no fim do ano voltaremos a reconhecer que, afinal, a pobreza continua numa sociedade tão farta para alguns...

Ler mais aqui

A boa organização é fundamental em tudo...

A boa gestão foi suplantada
pelos interesses privados




"Se o líder em questão for um político, tem de compreender quais as necessidades reais do país e tentar satisfazê-las da melhor forma e o mais rapidamente possível. Contudo, sem uma boa organização, nada se faz. É a organização que decompõe a actividade em funções e tarefas e as distribui pelas pessoas mais competentes. Foi isso que fez Oppenheimer quando lhe foi atribuída a tarefa de constituir a equipa de físicos que iria conceber a primeira bomba atómica."


Francesco Alberoni, no i.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Gafanha da Nazaré celebra um século de freguesia

Haja sugestões e propostas e propostas

Estamos no ano do centenário da criação da freguesia da Gafanha da Nazaré, acto que nos deve envolver a todos, para que sejamos dignos do esforço de quantos nos antecederam nesta terra.
Uma efeméride desta dimensão leva os cidadãos a pensar e a proclamar que compete às autoridades promover as cerimónias e organizar os festejos, reservando-se para os gafanhões, neste caso, a mera participação passiva no que vier a ser preparado para datas mais significativas.
Penso que este princípio, habitual quase sempre, não pode continuar a ser seguido, já que a criação da freguesia foi iniciativa de uns tantos, que não das autoridades que há cem anos superintendiam nos espaços habitados.
Posto isto, acho que as diversas associações, instituições, escolas, lugares da freguesia e grupos de gafanhões devem começar a programas as suas actividades em função desta efeméride.
Haja sugestões e propostas!

Fernando Martins


Somos construtores do nosso próprio futuro

Expectativas e razões para 2010

1. Passadas as festas e entrados no ano 2010 que estamos, valerá a pena perguntarmo-nos sobre o que esperar para o novo ano. No auscultar das expectativas a esperança é o lema obrigatório, também porque habita no coração humano esse desejo de perfeição, do melhor possível, do desenvolvimento continuado. Mas dando margem às razões, a fasquia recebe um safanão a ponto de descer rapidamente. Todavia, não faltando argumentos para não se esperar muito do ano depois de 2009, a verdade é que o reerguer de objectivos, sonhos e projectos terá de ser o único caminho a seguir. Não pela fatalidade do “ter de ser”, mas pela verdade de que somos construtores do nosso próprio futuro e as apostas inspiradas de cada momento presente podem de facto (trans)formá-lo para melhor.

2. O ano 2010 será, em termos europeus, o ano de luta contra a pobreza e exclusão social. Apesar da Europa ser um espaço privilegiado em termos globais, 17% da população não tem condições para a satisfação das suas necessidades mais básicas. Vale a pena, pela positiva, sublinhar alguns objectivos deste Ano Europeu: encorajar a participação e o compromisso de toda a sociedade motivando os cidadãos na luta contra a pobreza; dar voz às preocupações e necessidades dos mais desfavorecidos dando mão a organizações da sociedade civil e a ONG’s na luta contra a pobreza e exclusão social ajudando a derrubar estereótipos; reforçar a solidariedade e fomentar uma sociedade que garanta qualidade de vida, bem-estar social e igualdade de oportunidades.

3. A agenda de 2010 também será marcada em termos internacionais com o Ano Internacional da Biodiversiade. Será, também após a verdade verificada na recente Cimeira de Copenhaga, uma realista oportunidade de avaliação de todas as boas vontades em domínios que, a cada ano que passa, nos tocam e nos interrogam sobre a nossa própria sobrevivência. Se a natureza nos fala da riqueza da diversidade, aprendamos dela a grandeza do essencial que dá sentido à vida, calor às relações e alma à esperança. Não será ano fácil, mas, por isso mesmo, mais este tempo futuro precisa do melhor de todos e dos grandes valores intemporais que nos podem abrem novas janelas. Quem dera que estas expectativas se tornem razão prática e globalmente solidária.

Alexandre Cruz

domingo, 3 de janeiro de 2010

Cantar dos Reis, na Gafanha da Nazaré




Como manda a tradição, esta noite o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré veio a minha casa para nos brindar com mais um Cantar dos Reis. Sendo certo que a tradição não é muito antiga, penso que o nosso Grupo Etnográfico faz muito bem, vindo para a rua, ano após ano, para alegrar a quadra festiva que ainda estamos a viver. Os meus parabéns para quantos sabem partilhar a alegria das nossas gentes.

Os meus livros antigos





(Clicar nas imagens para ampliar)

Este livro - Segredos Necessarios para os officios, artes, e manufacturas, e para muitos objectos sobre a economia domestica - foi editado em 1861.


Como exemplo do que nele podemos aprender, aqui fica a fórmula de produzir frio, que bem pode substituir a neve. Em tempos sem frigoríficos, os nossos antepassados não prescindiam de um saboroso gelado, em época de calor.

Frei Bento Domingues no PÚBLICO


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TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 165

PELO QUINTAL ALÉM – 2




A PALMEIRA

A*

D. Joaninha
Zé da Branca e Adelaide
Rúben
Humberto Rocha

Caríssima/o:

Conheces a palmeira.

a. Pois bem, ela ali está altaneira e cheia de vida nos seus oitenta e cinco anos de vida no nosso Quintal: segundo a tradição familiar foi plantada no longínquo ano de 1925, Ano Santo, por meu Sogro, Domingos Costeira. Para ser mais exacto, plantou duas, mas o espaço era pouco para ambas e foi sacrificada a que estava mais próxima da casa e mais apertada.
Vê-se de longe e é uma referência.
Dizer-te que rolas, pardais, ratos e outra bicharada ali nidificam não será novidade; também o não será vermos uma hera subir por ela, ou apreciar uma alegria do lar que encontrou vaso em certa concavidade.

e. Nesta época do ano em que se festejam os Reis na nossa região não podíamos buscar outra planta. Quem está aí que não se recorde do Palácio do Rei Herodes na loja do ti Zé da Branca? Durante anos e anos ali estacionava o Cortejo, a Estrela sumia-se, os Reis Magos estancavam os cavalos e encontravam-se com o malvado do Rei Herodes. E o espertalhão do Cingo a lamber a rolha da garrafa de Porto!...
Pois é, à sua sombra, nos juntávamos em grandes confidências e em planos ousados e revolucionários que tinham o condão de unir moradores de cantos diferentes numa mesma Zona!
Mas ainda podemos acrescentar: ali montava o seu teatro de robertos o ti Armando Ferraz ou iniciava a ronda de Entrudo com o seu Rancho!
Certamente que ninguém se terá lembrado de propor que esta árvore seja considerada de interesse regional; estás a tempo de o fazer e como tal que passe a ser protegida, antes que lhe aconteça como às árvores do Tio Vicente. (Não é preciso ir tão longe; basta pensar no que ia acontecendo ali no Jardim Oudinot! Prevenir, pois, enquanto é tempo.)

i. Lembro-me de quando em vez “rasparmos” as tâmaras que nos diziam serem comestíveis!
Uma utilidade de palmeira que se preze é a oferta das suas palmas para a festa dos Ramos. Ora a cabeça desta está tão lá no cimo que me não lembro de tal serventia!
Também destas nunca vimos ou cheirámos o óleo de palma.

o. Aplicações para remédios também as não conheço, mas que a sua sombra terá curado muita doença, disso não duvidamos. Era a grande escola do riso onde a rapaziada se expandia e aprendia com os mais velhos a enfrentar os desafios que em breve a vida lhes colocaria no caminho...

u. A palmeira tem para todos nós um grande poder simbólico e ainda o de nos transportar para situações que nos confrontam connosco e com a nossa Fé (basta recordar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém); nada melhor do que ouvirmos uma das muitas lendas que no-la recordam:

sábado, 2 de janeiro de 2010

PÚBLICO: Quem ia pescar bacalhau sofria e chorava, mas só para dentro, que chorar para fora era feio

Após 11 anos de proibição, os arrastões portugueses vão poder voltar a pescar bacalhau na Terra Nova, o lugar mítico onde nasceu uma das mais arreigadas tradições gastronómicas nacionais. Enquanto o peixe não chega, fomos ouvir as histórias de quem já por lá andou a pescar e sofrer




Navio-Museu Santo André

Quando, em 1943, fez a primeira campanha do bacalhau na Terra Nova, João Laruncho de São Marcos, o capitão São Marcos, com 90 anos feitos no mês passado, liderava um comboio de embarcações no qual seguiam vários lugres navegando à vela e dois barcos a motor, o São Ruy e o Santa Maria Madalena. Era segundo piloto numa embarcação com 125 homens, o São Ruy, e sentiu-se "chocado" por, em pleno século XX, se andar "ainda a pescar daquela maneira, sem nenhuma evolução".

"Os pescadores dormiam três horas e passavam 20 no mar, ao frio. Primeiro as mãos calejavam e depois gretavam e ganhavam pus por todos os lados. Mas tinham de continuar a trabalhar. Aquilo nem era considerado doença, era trabalho. Lavavam as mãos com água oxigenada e continuavam", conta.
O capitão São Marcos já tinha andado no Mediterrâneo, onde viu de perto a metralha do mundo em guerra, mas, nas paragens geladas do mar canadiano, reinava uma paz relativa. "Em Génova passei um mau bocado, mas na Terra Nova nunca houve confusão, apareciam era muitos destroços de navios afundados", recorda. Dentro dos homens, porém, a batalha naval estava apenas a começar. Esperava-os a dureza das condições de pesca, os frequentes ciclones, as tempestades que "custavam a gramar". "Mas nunca pedi nada a deus. Não acredito. Habituei-me, isso sim, a chorar só para dentro. Os homens choravam com o sofrimento, mas só para dentro, que chorar para fora era feio."

Por Jorge Marmelo

Ler mais no PÚBLICO

Os 50 autores mais influentes do século XX

Perante esta relação de Os 50 autores mais influentes do século XX, não há dúvida de que temos lido muito pouco. Falo por mim e por muitos que gostariam de ler muito mais... Há, afinal, tantos autores que esperam por nós!

Edward Schillebeeckx, um teólogo feliz



Edward Schillebeeckx
Deus é um luxo

A última vez que o encontrei foi em 1988, em Nimega (Holanda). Recebeu-me na sua cela bem modesta, e, embora a saúde já não fosse particularmente boa, concedeu-me tempo para uma longa conversa. E foi aí que lhe lembrei a sua afirmação de que Deus não é uma necessidade, mas um luxo. Ele confirmou: "Sim. Abusou-se de Deus, da palavra Deus, no sentido de que Deus foi funcionalizado, posto em função do homem, da sociedade, da natureza... Ora, a natureza, o homem e a sociedade não têm necessidade de Deus para serem o que são. Mas, por outro lado, o luxo da nossa vida humana é, por exemplo, poder receber um ramo de flores. Não é uma necessidade. É um gesto completamente gratuito. É essa a grande experiência humana."
Edward Schillebeeckx morreu na véspera de Natal, no passado dia 23, em Nimega. Tinha 95 anos. Frade dominicano, foi um dos teólogos católicos mais prestigiados do século XX. Preparou e inspirou decisivamente o Concílio Vaticano II, concretamente nalguns dos seus documentos mais importantes, referentes à Revelação e ao diálogo da Igreja com o mundo. Ao velho aforismo "Fora da Igreja não há salvação", E. Schillebeeckx contrapunha: "Fora do mundo não há salvação." Co-fundador da revista Concilium, que continua a ser publicada em várias línguas, a sua influência impôs-se muito para lá da Teologia, tendo, por isso, recebido o Prémio Erasmus. Crítico da Igreja oficial, concretamente da política eclesiástica do Vaticano na nomeação dos bispos, para ter de novo uma Igreja uniforme, enfrentou por três vezes a Congregação para a Doutrina da Fé e denunciou os seus métodos. Definiu-se, no entanto, como "um teólogo feliz".

Junta da Paróquia da Gafanha da Nazaré


Igreja primitiva da Gafanha da Nazaré

No dia 2 de Janeiro de 1914 tomou posse a primeira Junta da Paróquia. Elevada à categoria de freguesia, em 1910, a Gafanha da Nazaré começa a ganhar forma de comunidade organizada. Os membros da primeira Junta têm nomes conhecidos. Tivemos o privilégio de conhecer alguns. Um deles, Manuel José Francisco da Rocha, era o meu próprio avô materno. Em ano de centenário, é justo pensar na homenagem que estes gafanhões merecem.

FM

Leia a Acta da tomada de posse aqui.

Para começar o dia, excerto da Mensagem de Ano Novo do Presidente da República




«O País real, que quer trabalhar, que quer uma vida melhor, espera que os agentes políticos deixem de lado as querelas artificiais, que em nada resolvem os verdadeiros problemas das pessoas.
É tempo de nos concentrarmos naquilo que é essencial, com destaque para o combate ao desemprego.
Não é tempo de inventarmos desculpas para deixarmos de fazer o que deve ser feito.
Estamos perante uma das encruzilhadas mais decisivas da nossa história recente. É por isso que, em consciência, não posso ficar calado.
Em face da gravidade da situação, é preciso fazer escolhas, temos de estabelecer com clareza as nossas prioridades.
Os dinheiros públicos não chegam para tudo e não nos podemos dar ao luxo de os desperdiçar.»




NOTA: Vamos ser optimistas, esperando que os Partidos assumam, em pleno, as suas responsabilidades patrióticas. Que aprendam a dialogar, para que o País não caia no descrédito. Resolvam os problemas, para que ninguém, de fora,  nos venha obrigar a traçar caminhos de sobrevivência.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Abri a minha agenda para assumir o tempo como dom de Deus que se faz história


S. João de Deus

AGENDA ABERTA

Abri a agenda de 2010 animado pela melhor confiança. E alguma inquietação expectante.
O futuro corre veloz e torna-se presente. Espaços em branco aguardam o horário laboral a ser oportunamente concretizado. Notas de rodapé fazem memória de pessoas e eventos históricos, situando-me na corrente dinâmica do tempo.
Logo no dia um, vem a aprovação, em 1571, da Ordem Hospitaleira dos Irmãos de São João de Deus que se dedica às pessoas com deficiências mentais profundas e a informação sobre o violento sismo nos Açores, em 1980. Numa coluna lateral, surgem “dicas” para reflexões pessoais, como a de Nossa Senhora no roteiro da paz dos povos. No cimo de cada página, indicam-se os dias da semana e o que de mais importante a liturgia celebra como maravilha de Deus e glória da humanidade.
Esta moldura ajuda-me a ir dando forma à minha agenda. Oferece-me as referências mais consistentes para me saber situar e dar sentido à minha vida. Ao ritmo de cada dia, irei escrevendo a parte visível da minha história: o uso do tempo, as prioridades destacadas, os compromissos assumidos, os encontros realizados, as experiências marcantes, os sonhos idealizados que tiverem de ser adiados, as horas de escuta da consciência e o acerto com as suas chamadas de atenção.

EXPRESSO coloca Jacinta no grupo dos dez melhores músicos da década



(Clique na imagem para ampliar)
A nossa conterrânea Jacinta, cantora de Jazz, faz parte, segundo o conceituado semanário EXPRESSO, do grupo dos melhores dez músicos da década. Todos nos congratulamos com esta distinção, ou não seja ela a artista que muitos de nós conhecemos. Os nossos parabéns para a Jacinta, com votos dos maiores e melhores êxitos no campo da arte que abraçou, com uma paixão só própria de uma grande personalidade .

FM

Mensagem de Bento XVI para a celebração do Dia Mundial da Paz

(Excertos)



«Se queres cultivar a paz, preserva a criação»


«Como ficar indiferente perante as problemáticas que derivam de fenómenos como as alterações climáticas, a desertificação, a deterioração e a perda de produtividade de vastas áreas agrícolas, a poluição dos rios e dos lençóis de água, a perda da biodiversidade, o aumento de calamidades naturais, o desflorestamento das áreas equatoriais e tropicais? Como descurar o fenómeno crescente dos chamados «refugiados ambientais», ou seja, pessoas que, por causa da degradação do ambiente onde vivem, se vêem obrigadas a abandoná-lo – deixando lá muitas vezes também os seus bens – tendo de enfrentar os perigos e as incógnitas de uma deslocação forçada? Com não reagir perante os conflitos, já em acto ou potenciais, relacionados com o acesso aos recursos naturais?»

«…é decisão sensata realizar uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento e também reflectir sobre o sentido da economia e dos seus objectivos, para corrigir as suas disfunções e deturpações. Exige-o o estado de saúde ecológica da terra; reclama-o também e sobretudo a crise cultural e moral do homem, cujos sintomas há muito tempo que se manifestam por toda a parte (8). A humanidade tem necessidade de uma profunda renovação cultural; precisa de redescobrir aqueles valores que constituem o alicerce firme sobre o qual se pode construir um futuro melhor para todos. As situações de crise que está atravessando, de carácter económico, alimentar, ambiental ou social, no fundo são também crises morais e estão todas interligadas. Elas obrigam a projectar de novo a estrada comum dos homens.»

PELA POSITIVA: 2009 em Balanço


Postal ilustrado da minha terra

Um pouco de tudo para todos os gostos


Não é muito fácil fazer o balanço do ano, relativo ao meu blogue Pela Positiva. Foram 1428 textos que publiquei, meus e dos meus amigos e colaboradores (a quem agradeço imenso a sua preciosa dedicação), mas também de organizações e serviços, de instituições e de pessoas que admiro, sobretudo ligadas ao mundo das artes, da espiritualidade e da cultura em geral.
Uns dias mais cheios que outros, mas sempre com o pensamento em manter viva esta forma extraordinária de partilha com muitos visitantes dos mais diversos cantos do mundo, conhecido e desconhecido.
Durante 2009 fiz amizades, cultivei o gosto pelo desafio de uma intervenção dinâmica na sociedade, alimentei o prazer de apostar em atitudes pela positiva, afugentando o pessimismo da vida que, afinal, vale a pena ser vivida.
Poesia, contos, reportagens, política, livros, religião, espiritualidade, fotografia, vídeos, saberes, sabores, gostos, desgostos, gente da nossa terra, pessoas notáveis e simples, música, tradições,  artistas, pintura, solidariedade, denúncia de injustiças, caridade, gestos de paz, protestos necessários, defesa dos marginalizados e dos feridos da vida, elogios a quem mereceu, viagens, sonhos, ilusões, anseios e projectos… De tudo um pouco aqui fica, na esperança de que sirva a alguém, a começar por mim próprio.
Projectos? Como não podia deixar de ser, vou continuar no Pela Positiva, enquanto tiver saúde e a amizade de tantos amigos e colaboradores.

Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 164

PELO QUINTAL ALÉM – 1





AO QUE VIMOS...
A*

Padre João Vieira Rezende
José Tavares Afonso e Cunha
Frei Silvino Teixeira
Maria Teresa Filipe Reigota
Maria Donzília de Jesus de Almeida
Oliveiros Alexandrino Ferreira Louro

Caríssima/o:

Se Deus quiser, e nos der vida e saúde, iremos percorrer o Quintal e partir daí para mais além até onde a memória o permitir. Falaremos quase só de plantas; e não sendo lavrador, biólogo, membro de associação ambientalista ou ligado a qualquer movimento da Terra, expresso já as minhas limitações e adianto que apenas pretendo reviver raízes, folhas, frutos e sementes do passado, na esperança de podermos rasgar leivas no futuro!

Para facilitar a arrumação usaremos tão só as cinco vogais. Explico...

a. Falo do meu Quintal: já lá vão quase cinquenta anos de trabalhos canseirosos para que ao menos não falte a água a quem dela necessita; de vez em quando um corte parcimonioso, não se queixe a pobrezinha... Enfim, de cada planta guardo uma recordação, um sabor, um cheiro, uma arranhadela...

e. Saltarei até ao quintal-jardim da memória: será da Gafanha que vivi e nos mostrará a insustentabilidade de certos esquemas ditos ecológicos e de interesse local e regional...

i. Que nos oferecem as plantas? Ou que tirávamos para sobrevivermos?

o. Como todos temos um pouco de médico e de louco, as plantas alimentam essa nossa dimensão e invadem os nossos corpos nos chás e mezinhas que as nossas avós preparavam...

u. Nesta vogal guardarei o que for encontrando em poesias, romances, lendas, ...

Um exemplo de partida:

a. O nosso Quintal ali está à tua espera; claro, é diferente do tempo da minha Sogra que só ela o sabia cuidar como aprendera de seu Pai, o saudoso Manuel Passarinha, e de sua Mãe Mariana. Não havia palmo de terra que não se aproveitasse para dar cereal ou vegetal que se pusesse na panela ou fosse engordar a criação...

e. Ter quintal era privilégio; mas desde criança as nossas brincadeiras e malandrices giravam pelo quintal e arredores. E foi lá que aprendi com meu Pai – cheiros, ervas e flores! Também figos, uvas, laranjas, pêras e limões! Com que desvelo conversava com as árvores!

Recordo aquela vez em que a tosse de cão apertou e ele fez um melaço com as folhas da figueira da Índia! A colher levava à nossa boca bálsamo para a tosse... e estalo para a gulodice.

Foi o primeiro mestre.

Logo o chiar do carro de bois... Os lavradores nas terras da Borda dão lições de trabalho e de afinco mas é o seu gesto de lançar a semente e de cortar as raízes ao nabo que se fixam...

Na Escola é o Tio Vicente que nos interroga e deixa no ar um amor impossível que, pela vida fora, muitos amargos de boca tem provocado: o amor a uma árvore? A um quintal? À Natureza?

i. o. Nestes salto que não há planta...

u. O Tio Vicente interrogou-nos e curiosamente as dúvidas que foi plantando se mostram mais e mais pertinentes. Assim o conhecemos pela pena de Júlio Dinis:

Poesia de um grande poeta para começar o ano



Dias realmente úteis


Às vezes, demasiadas vezes,
a vida assemelha-se a uma repartição cinzenta,
onde os horários se cumprem sem empenho.
Estamos, mas fazemos sem compromisso íntimo.
Falamos e fazemos,
mas sentindo o nosso interesse noutro lado.
Vivemos, claro, mas com o coração distante.


Como é necessário tornar realmente úteis
os dias úteis!



Úteis não apenas por imposição do calendário.
Úteis, porque vividos com generosidade e sentido.
Úteis, porque não os atropelamos
na voragem das solicitações,
na dispersão das coisas,
mas sabemos (ou melhor, ousamos) fazer deles
lugar de criação e descoberta,
tempo de labor e de escuta,
modo de acção e de contemplação.



É preciso acolher o “inútil”
se quisermos chegar ao verdadeiramente útil.


José Tolentino Mendonça