PELO QUINTAL ALÉM – 50
A NOGUEIRA
A
Manuel Maria Carlos (Relvas),
Manuel Vechina Sarabando, o “Coveiro”
Caríssima/o:
a. Uma ou outra folha ainda teima segurar-se ao ramo, mas a nossa nogueira prepara-se para a invernia que este ano promete... Entretanto as nozes foram colhidas, uma a uma e, depois de limpas e lavadas, espalhadas na eira para secarem; estão prontas para serem partidas e degustadas sós ou com pão, metidas nos figos secos (os “casamentos” da Consoada...) ou ainda entrar na culinária, no nosso fogão e no dos parentes e amigos, já que, graças a Deus, a produção foi muito razoável.
Se mais quereis saber (estou a ver a vossa curiosidade: para quê aquele estrado de madeira?), tereis de questionar os mais novos da família, os usufrutuários.
e. Vistes por terras da Gafanha alguma nogueira?
Nanja eu e nozes também pouco nos atraíam; muito raramente apareciam à nossa mesa.
i. A madeira da nogueira é considerada uma das mais valiosas das diversas classes de madeira existentes entre nós. É de uma dureza comparável à do carvalho, mas fácil de trabalhar, e além disso é extraordinariamente decorativa pelos tons vivos e escuros do seu durame. É uma madeira utilizada sobretudo no fabrico de móveis e no revestimento interno das habitações, sendo também muito requisitada para trabalhos de talha e para culatras de armas de fogo. (Seria de nogueira a culatra da velha Mauser que me coube na Escola Prática de Infantaria, em Mafra? Fiz com ela uma boa relação de amizade e não me deixou ficar mal nas sessões de treino de tiro... até fiquei bem classificado!...)
Quanto às nozes, as suas sementes, de sabor agradável e ricas em óleo, consomem-se directamente ou são espremidas para obter o óleo de nozes, que se utiliza como óleo alimentar, como combustível ou como base de determinadas pinturas. Em anos de boa colheita, uma árvore de copa grande pode produzir até 150 kg de nozes. (A nossa, uma árvore bem desenvolvida, vai-nos presenteando com umas escassas arrobas ...)