quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Hum segundo dia de creação

30 de setembro de 1808


Luiz Gomes de Carvalho 
escreve uma carta ao futuro rei D. João VI

D. João VI


«Senhor

Tenho a honra de partecipar a V. A. R. o feliz exito da Commissão da Abertura da Barra de Aveiro, que V.A.R. foi servido confiar-me, honrando-me tanto nesta escolha, q.to a questão era diffícil, e até na opinião geral impossivel.
O dia trez de Abril deste prezente anno foi o venturoso dia d’Abertura da Nova Barra de Aveiro; elle foi, em certo modo, hum segundo dia de creação em que se operou, como por hum prodigio hua conveniente e necessaria separação das agoas, e dos terrenos, que estavão na mais fatal confuzão; e este Grande Beneficio, que V.A.R. preparava a estes Povos, desde muito tempo, fez despertar, como eu fui testemunha, a saudade constante que os Povos mais interessados nesta Obra consagravão ao Seu Legitimo Auzente Soberano quando gemia debaixo da escravidão e tyrania de que o Ceo, auxiliando os nossos proprios exforsos, e os dos nossos amigos, acaba de resgatar-nos.

S. Paio aí está

O «antes» do S. Paio - 2013



«Cumprindo uma ancestral tradição, a partir de amanhã e até ao próximo domingo, dia 8, a praia da Torreira, no concelho da Murtosa, volta a encher-se de gente vinda dos mais variados pontos do País, em maré de celebração, para a romaria do S. Paio, indiscutivelmente, a mais concorrida, popular e afamada da região.
A influência da festa é de tal ordem que ali o calendário é marcado em função da romaria e então é comum ouvir dizer-se que determinado assunto fica para “antes ou depois do S. Paio” – refere o Diário de Aveiro de hoje, 3.9. 2013.»

Nota: Quem não puder ir à romaria do S. Paio da Torreira, pode muito bem seguir quem está bem informada sobre esta festa enraizada na alma das gentes lagunares. Por isso, sugiro que os meus leitores estejam atentos ao que sobre a romaria escreveu e, provavelmente, vai escrever Ana Maria Lopes, no seu Marintimidades.

Papa pede oração e jejum pela paz na Síria


Incoerência gera indiferença


António Marcelino


«O que de mais grave se passa hoje em comunidades amorfas e a desertificar, é a incoerência de muitos, sempre contrária às exigências evangélicas e à verdade que a fé não dispensa. A incoerência gera indiferença perante o essencial e o importante, e esta tornou-se a maior calamidade, social e religiosa, da atualidade. O indiferente, nem procura, nem acolhe. Cheio de si, dispensa Deus e os outros e nem se preocupa em perceber os sinais da sua presença. Para o indiferente só ele próprio conta. 
Vemos, entretanto, gente dita religiosamente indiferente, atenta às palavras e gestos do papa Francisco. Isto quererá dizer que quando se toca o coração e se expressa verdade e coerência, a indiferença entra em solavancos. Quererá dizer ainda que um estado de total indiferença não é coisa normal numa pessoa séria e equilibrada.»

António Marcelino

terça-feira, 3 de setembro de 2013

“Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica”

Um livro de Júlio Cirino




No próximo dia 6, sexta-feira, pelas 21 horas, na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, vai ser apresentado um livro de Júlio Cirino, cujo título — “Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica” — não deixará de despertar vivo interesse, ou não fosse o nosso povo, das mais diversas proveniências, curioso pelo nascimento e desenvolvimento da nossa terra.
A sessão pública conta com um momento cultural, enriquecido pelo “Grupo Portas d’Água”, Coral da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré e Coral da Associação do Porto de Aveiro. Haverá ainda leitura de alguns textos e a apresentação da obra ficará a meu cargo.
O mais recente livro de Júlio Cirino (escreveu outros sobre temáticas desportivas) aborda as mais variadas vertentes desta região que começou a ser habitada porventura no século XVII, apresentando uma “Visão Retrospectiva da Vida da Gafanha da Nazaré”. Passa depois por “Espectáculos e Divertimentos”, “Traquinices da Infância e Adolescência” e  culmina com um capítulo sobre “Chás e Mezinhas de outros tempos”.
Pelo que já li, confirmo que se trata de um trabalho que sintetiza oito anos de pesquisas, conversas, encontros, debates e registos dignos de nota, justificando, por isso, o relevo que lhe é devido.
No prefácio, Dinis Ramos salienta, referindo-se ao autor, que sempre foram «companheiros do quotidiano, almocreves da mesma estrada da infância e juventude, até aos dezassete anos, altura em que por imperativos pré-profissionais» se afastaram. Mas logo acrescenta que nos últimos anos fizeram questão de «ir pondo a conversa em dia». 
Dinis Ramos adianta, noutro passo do Prefácio: «Dotado de memória invulgar, o Júlio lá vai desfilando todo um rosário de aventuras da nossa juventude, com pormenores que já havíamos esquecido por insignificantes, ou porque o passar dos anos se encarregou de os arrecadar no sótão do nosso conhecimento…»
Os amantes das nossas tradições, os apaixonados pela história de nossa terra e suas gentes, os que aceitam, como mola-real da vida, a importância do passado nos alicerces do presente e do futuro, decerto marcarão presença na apresentação do livro “Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica”. 

Fernando Martins

O Marnoto Gafanhão — 6

Um texto póstumo de Ângelo Ribau


“Valha-nos Deus, que já não será sem tempo”


“Valha-nos Deus, que já não será sem tempo”, pensava eu, “ao menos aquelas temperaturas tórridas, a que não faltava sequer a falta de vento irão acabar. Oxalá o meu pai também acerte desta vez!”
Assim foi. Passados que foram cerca de dois dias, logo se notou pela manhã a temperatura a refrescar. O dia já foi menos quente e pela tarde, ao regressarmos a casa, chegados à “boca” do Esteiro dos Frades, foi dada ordem de içar a vela, que puxada pela “ustaga” se fez chegar ao cimo do mastro. Orientada pela escota de acordo com a direção do vento, lá ia a bateira em direção ao seu ancoradouro, junto à seca do Egas. O marnoto, sentado no “cagarete”, governava a bateira e ia orientando a vela, puxando ou largando a escota, que era presa na borda de sotavento. Com vento fresco a viagem era rápida e o esforço praticamente nulo. Era só içar a vela e arreá-la ao chegar ao ancoradouro.
Com a falta de temperaturas muito elevadas a produção de sal ia lentamente baixando. Mas, mesmo assim, trabalho nunca faltava. Os tabuleiros onde o sal escorria, para depois ser transportado para o monte, os “machos” por onde passávamos com as canastras cheias de sal, não eram mais lama dura. O sal tinha-se entranhado na lama e aqueles locais eram autênticas máquinas de lixar as solas dos pés. Só quem andou naquela vida pode fazer uma ideia correta dos sacrifícios que o pessoal das marinhas passava.

sábado, 31 de agosto de 2013

Uma manhã na Praia da Barra



Os meus amigos e leitores já devem ter percebido que não sou um gafanhão que aprecie pisar as areias das praias. Mete-me impressão, pronto! Porquê? Não sei. Mas gosto de passear pelos acessos empedrados, de respirar o ar iodado, de sentir o sol forte no corpo, de ver as pessoas que correm, saltam e mergulham. Na Praia da Barra montaram um biblioteca, no afã de dar prazer aos leitores. Não vi por ali ninguém a ler a sério. O pessoal queda-se mais numas revistas ligeiras, daquelas que não dão muito que pensar. Também, quem é que se dá ao luxo de pensar muito numa praia? Mas não reprovo, antes aprovo, a possibilidade dada às pessoas que gozam com boas leituras.
Quem passa pela Praia da Barra, não resiste a fixar para a posteridade o nosso farol, o mais alto de Portugal e um dos mais altos da Europa. Com a moldura humana, mais apetite cresce por uma boa fotografia. Uma boa fotografia não estará muito nas minhas capacidades fotográficas, mas prezo-me de mostrar ao mundo, como posso e sei, imagens destas nossas terras e suas belezas.
Ontem, quando fui à Barra, a moldura humana estava bem composta. abrigos cheios para quem, como eu, detesta o vento, que por sinal não era forte, e muitos a enfrentar ondas mansinhas, que nem meninos davam por elas. O fim do mês de férias por excelência está a chegar ao fim, contradizendo os que, maníacos pelas notícias bombásticas, nos bombardearam com prenúncio de que o verão só o teríamos lá para outubro ou novembro. Esquecem-se de que, previsões com algum crédito, não duram mais do que 24 ou 48 horas. E o verão vai continuar conforme o calendário. O dia 23 de setembro, com dias iguais à noites, ditará o princípio do outono.

Deus respeita a cultura dos povos

O que pensa Francisco: 3. sobre as religiões


«Porque há várias religiões? "Deus faz-se sentir no coração de cada pessoa. Também respeita a cultura dos povos. Cada povo vai captando essa visão de Deus, tradu-la de acordo com a cultura que tem e vai elaborando, purificando, vai-lhe dando um sistema."»


Anselmo Borges


Uma sociedade desigual

Amigo, vem mais para cima

Família à mesa (imagem google)

«Estar à mesa e comer juntos tem um grande significado familiar, social e religioso: encontro amigo e fraterno, conversa e partilha de notícias e saberes, reforço de laços de proximidade, afirmação de estima mútua e de próxima ou igual categoria. Assim o entendiam todos os participantes. Por isso se observam mutuamente. Jesus não foge à regra.»

Georgino Rocha 


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O drama dos fogos florestais



Em Portugal, os verões não são apenas épocas de lazer, praias, campo, descontração e preparação para um novo ano de trabalho. São, quase sempre, épocas de fogos florestais, que destroem tudo o que encontram à sua frente, sem dó nem piedade. As altas temperaturas, alimentadas pelo calor sufocante e pelos chãos de folhas ressequidas, qual pólvora à beira da explosão que tudo mata, não perdoam nada. Nem vegetação, nem casas, nem pessoas e seus bens, nem animais. Tudo fica em cinza. 
As mortes de bombeiros, os soldados da paz e apaixonados pela solidariedade fraterna, sem nada esperarem em troca, fazem-nos pensar nos dramas que os fogos provocam e na incapacidade das nossas sociedades para encontrarem soluções de prevenção que minimizem o sofrimento das populações e a destruição da nossa riqueza florestal.
Nesta hora de luto pelos bombeiros falecidos, pelos bombeiros que combatem até à exaustão, pelas pessoas que se veem de um momento para o outro sem nada, mas também de tanta gente que direta e indiretamente apoia os que sofrem, importa reclamar, com urgência, soluções mais eficazes para erradicar, ano após ano, esta calamidade nacional. Os Bombeiros precisam da nossa colaboração? Então não olhemos para o lado.

Fernando Martins


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Papa Francisco







- Posted using BlogPress from my iPad

Torreira de passagem

Todos os anos, durante o período de férias, que para nós podemos dizer que são todos os dias, por enquanto, impomos a nós próprios uma visita à Torreira, praia de tantas boas memórias. Com os nossos filhos, por lá vivemos momentos inesquecíveis, com ponto de partida e de chegada em Pardilhó. Este ano, porém, ficámos um pouco desiludidos por não podermos apreciar o burburinho próprio dos bons dias de praia. O tempo até estava razoável, mas no areal escasseavam as barracas com veraneantes. Turistas também não vimos muitos.
Como positivo, apreciámos o Monte Branco, limpo, airoso, sereno. Num bar com esplanada voltada para a nossa ria saboreámos um bolo regional, bebemos uma água fresca e tomámos um café, tudo servido com esmerada atenção. E contemplámos o barco que deslizava ao sabor da brisa na mansa laguna. Pouca gente, é certo, mas deu para recordar momentos doutrora em que os nossos filhos chapinhavam na beira-ria na tentativa de aprender a dar as primeiras braçadas.
O almoço, num restaurante perto do mar e já nosso conhecido (Restaurante Avenida Praia), foi outro momento digno de registo, ou não fosse o robalo assado na brasa, com os competentes acompanhantes, uma delícia para o nosso palato. Dizem as regras que perto do mar não devemos pedir carne, porque peixe fresquíssimo a pular das redes para a cozinha só na borda d'água se encontra.
Depois ainda demos um salto à praia do Areínho, já no concelho de Ovar. Passagem rápida por Torrão do Lameiro, com as suas quintas, e aí está a praia, desta feita sem vivalma. Bar e restaurante quase às moscas, ambiente circundante abandonado... uma tristeza. Mas a vida é assim... Enquanto umas zonas de lazer se desenvolvem, atraindo multidões, outras morrem sem glória. Mas pode ser que a praia do Areinho volte ao que era. Assim os responsáveis saibam e queiram fazê-la reviver

O sonho da democracia



«Não falta quem aponte os outros para acusar e condenar, desviando, assim, a atenção de si próprio. Um dia, que pode não demorar muito, os acusadores dão em acusados e os juízes em réus. Nos tempos, ainda pouco longos da vida do país democrático, já assistimos a tudo isto: um dia gente válida e noutro dia pouco menos que canalhas…»

António Marcelino

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Martin Luther King

28 de Agosto de 2013


“I have a dream!”

Passam, hoje, 50 anos sobre o célebre discurso que Martin Luther King Jr proferiu sobre os direitos civis dos negros e pelo fim do racismo, nos Estados Unidos da América. Evoca-se este momento histórico na luta pela igualdade racial.
A 28 de agosto de 1963, tinha eu apenas treze anos de idade, Luther King discursava perante 250 mil ativistas no Memorial a Lincoln, em Washington, um acontecimento que serviu de bandeira na luta pela igualdade racial a nível mundial. O Nobel da Paz foi assassinado cinco anos mais tarde, no auge do combate pelos direitos civis da população negra, em 1968, tendo já eu, a memória do acontecimento.
Cinquenta anos depois, a efeméride é assinalada por um presidente negro, o que constitui um grande avanço na conquista da igualdade, mas o filho mais velho de Luther King diz que o sonho “ainda está por cumprir”, usando como referência o recente caso do homicídio do jovem Trayvon Martin.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O Fim é o princípio

Marcador com expressão


O Marnoto Gafanhão — 5

Um texto póstumo de Ângelo Ribau



Sal de "pedra" fina



Agora, por cerca de três meses, será sempre, todos os dias, uma repetição do que se fará a partir de depois de amanhã, terça-feira.

Hoje, segunda-feira, o tempo continua bom, com sol. A marinha “pegará macia”, o que quer dizer que o primeiro sal a ser colhido, será de “pedra” fina.
Logo que a moira aqueceu, o marnoto e o moço mais velho, pessoas experientes, pegam nos galhos e vão “bulir” (mexer a moira), misturando-a, para que toda aqueça ao mesmo tempo.
Quando o tempo se mantém sereno, sem vento, esta operação tem de ser repetida, à tarde, agora não para misturar a moira mas para quebrar as “peles” (uma camada finíssima de sal que se forma à superfície, quase como farinha, e que serve para temperar as saladas) que, por falta de vento, se acumularam à superfície. Autorizados pelo marnoto, os moços mais novos aproveitavam esse sal que depois vendiam a quem lho encomendava.
Passados dois dias, após a botadela, chegou a altura de começar a colher o resultado de tanto trabalho.
A marinha era dividida em três mãos (três partes, na vertical), o que quer dizer que só passados quatro dias a primeira-mão voltaria a ser rida.
Os meios eram quebrados (o sal era puxado com um galho dos lados dos meios para o centro dos mesmos —  para os vieiros) e daí, era rido (arrastado com a rasoila para o tabuleiro do sal onde ficava a escorrer). Quando todos os meios estavam ridos, puxava-se todo o sal para cima do tabuleiro que, ficando fora do contacto com a moira, escorria mais facilmente tornando-se mais leve, o que facilitava a dura tarefa de o transportar para cima da eira.

A “Novazinha das Canas” ia finalmente “estrelar” (pôr o primeiro sal em cima das eiras)… Os primeiros marnotos faziam-no com certa vaidade, pois era sinal de que tinham trabalhado bem na preparação da marinha… 
A redura (quantidade de sal colhido) neste dia era pequena. Mesmo assim, lá foi a primeira canastra de sal para cima da eira!
— Estrelámos! — Diz o Ti Marendeiro.
Merendeiro, o moço mais velho, teve a honra de carregar com a primeira canastra…
Enquanto púnhamos as canastras a secar, depois de lavadas no esteiro, olhamos em volta.
— Só as “Cortes de Baixo e a de Cima”, que são mais “valentes”, estrelaram antes de  nós! — Diz o Ti Marendeiro, mostrando satisfação.

Não tardariam oito dias que todas as marinhas estivessem “a sal”, e então a vista da Ria seria maravilhosa, com todos aqueles montículos. Um sonho, mas um sonho em que o Tónio nunca pensara colaborar como efetivo, só nas férias… Enfim, a vida tinha-lhe reservado destas surpresas. E não seria a única. 

Começou a época do sal, a mais difícil e trabalhosa das marinhas.
Era levantar cedo, pegar no cesto com o “tacho” - normalmente um tacho com “caldo” uma sopa consistente para o pequeno-almoço, e um mais pequeno com o “conduto”, que juntamente com um pedaço de broa serviria de almoço - preparado pela mãe, que para tal se tinha de levantar cerca das cinco horas da madrugada.
Chegados à casa do João Banca, era pegar na vela da bateira que aí ficava todas as noites, na jarra da água que todos os dias era cheia - era impossível esquecer a água no ambiente salgado onde se trabalhava. Um moço com a vela ao ombro, outro com a jarra, e íamos para a bateira. Chegados, cada um tomava o seu lugar. Dois, um a cada remo. O marnoto ao leme e os restantes sentados no bordo da bateira, abriam os cestos e comiam a primeira refeição (a mais consistente do dia).
— Vá, toca a comer depressa que os camaradas que vão ao remo “tamem” têm de comer antes de chegarmos à marinha, que hoje lá não falta trabalho!
Chegados, os cestos da comida eram pendurados em cruzetas existentes no intervalo, onde corria sempre água, o que evitava que a comida fosse atacada pelas formigas que abundavam nas marinhas de sal.

E começava a faina.
Ugalhos e rasoilas ao ombros e lá íamos nós para a “mão” onde era para colher o sal. Eram cinquenta meios que teriam de ser colhidos naquele dia. Cada um daria cerca de três canastras de sal.
O Tonio ia rendo e pensando: “Mais ou menos três canastras por meio, vezes cinquenta meios, dá cento e cinquenta canastras, a dividir por três (os moços que transportavam o sal para a eira), dá a cada um cinquenta canastras… cinquenta vezes do tabuleiro até à eira… em média cinquenta metros do tabuleiro à eira, metade carregado com cerca de sessenta quilos de sal, e no retorno com a canastra vazia...”
— Anda-me com essas mãos rapaz, senão adormeces! —  Grita lá de longe o marnoto.

Gota de água

"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota."

Madre Teresa de Calcuta (1910-1997)


- Posted using BlogPress from my iPad

Um livro da Fernanda Matias

"De mangas arregaçadas pela escada da vida"

No sábado, 24 de agosto, à noite, na Casa José Engling, junto ao Santuário de Schoenstatt, foi apresentado um livro de Fernanda Matias, conhecida gafanhoa que à sociedade se deu com entusiasmo, espalhando e criando imensas amizades. Daí os amigos, cerca de 200, de diversos quadrantes, que quiseram manifestar-lhe a sua simpatia, direi mesmo o seu carinho, tanto mais que ela foi, durante décadas, uma dedicada catequista, deixando em cada catequizando e nos seus familiares genes de ternura para toda a vida. 
Lurdes Matias, filha da autora, afirmou na abertura da sessão que o livro de sua mãe «não é nada de especial», mas não deixa de ser um seu irmão «que vai nascer hoje». E acrescentou: «Ao fim de 50 anos ter um irmão é uma festa.» Ainda frisou que para si é uma alegria grande saber que a sua mãe «tem muitos amigos».

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Luso de fugida...

Um passeio de fugida por ambientes conhecidos tem sempre os seus encantos. No sábado passámos pelo Luso, a terra da água cristalina do mesmo nome. Não interessa hoje contar a história da porventura mais importante riqueza do Luso, que isso está claramente no Google e ao alcance de toda a gente, mas importa referir neste meu espaço a visita de sábado, que não deixará de suscitar a curiosidade para outras leituras.
Penso que as termas e curas de água já não são o que eram antigamente. De qualquer forma, há sempre quem aposte nos benefícios das águas, normalmente acompanhadas do descanso num ambiente de serenidade e de ares puros que a serra e o arvoredo alimentam... Quem vai ao Luso e não prova a  água é como quem vai a Roma e não vê o Papa.
Aqui ficam registos da nossa passagem pelo Luso.



Panorâmica da Fonte de São João. Há gente que chega de garrafões vazios e parte de garrafões cheios. Num vaivém contínuo e sem ruídos. A paz, essa convida ao silêncio. Num dístico recomenda-se que os visitantes não levem para a fonte mais recipientes do que os que possam transportar de uma só vez. Não sei se é respeitada a norma... nem isso interessa por agora. É que eu já vi quem ocupe duas bicas ou mais para encher os seus garrafões. Mas há água para todos.



Chapéus há muitos, já dizia o Vasco Santana. A minha filha Aidinha provou este, que lhe ficava bem, para o meu gosto, mas achou que era muito largo. Serviu decerto para outras cabeças. Lá para aqueles lados, os clientes habituais devem ter cabeças um pouco maiores... Será? É que não havia chapéus mais pequenos. Paciência.


E a água... Quem há por aí que não goste de a saborear? A minha Lita e a Aidinha foram as primeiras a correr para a Fonte de São João. Toca a beber, que o leitão, na Mealhada, pedia água pura. Há quem opte por tinto ou branco ou por espumante de qualquer cor. Mas nós somos apaixonados por água pura, que lava o organismo. 




E depois fui eu, que também sou filho de Deus. Deus terá abençoado as águas do Luso, que há séculos matam a sede e a fome a muita gente. Fresca, límpida e saborosa (quem se atreve a dizer que a água de Luso é insípida?) ali está à disposição de toda a gente. Para já, de graça. Com graça... agora ainda é de graça, digo eu, quando quase tudo se paga.

Padre António Maria entre nós

Padre António (foto da CMI)

Padre António Maria cantou 
 e encantou na Gafanha da Nazaré


O Padre António Maria Borges cantou e encantou mais uma vez na Gafanha da Nazaré, a convite da Câmara Municipal de Ílhavo, na sexta-feira, 23, no Jardim 31 de Agosto, à noite. De certa forma, foi um concerto integrado nas Festas da Padroeira, Nossa Senhora da Nazaré, que habitualmente se realizam no último domingo de Agosto e este ano sem a componente profana.
Bem conhecido dos gafanhões e não só, o Padre António trabalhou na paróquia como coadjutor do prior Padre Miguel Lencastre, entre 1977 e 1981. Aliás, o Padre Miguel foi o responsável pela sua vinda para a paróquia.
O Padre António Maria brindou a numerosa assistência com canções que perduram na memória de quem o conheceu e com ele privou. Canções carregadas de mensagens de amor e paz, mas também da sua incondicional devoção a Nossa Senhora, a Mãe Admirável que sempre o acompanhou no seu sacerdócio e na sua vida artística.