sexta-feira, 9 de março de 2018

DIA CINZENTO



guia-nos, Deus,
na viagem através do deserto
até ao lugar da tua crucifixão
e da tua páscoa

guia-nos, Deus,
da via cinzenta dos nossos dias
à. via gloriosa da tua cidade.

seja este o tempo favorável
para a confissão do pecado e do louvor,
nós que vivemos na fragilidade do corpo nómada
o imaginário do oásis
e os lugares de repouso

guia-nos, Deus,
para a inquietação que permanentemente te nomeia,
Deus em Jesus Cristo e no Espírito consolador


José Augusto Mourão
In O Nome e a Forma, ed. Pedra Angular
Fotografia: Corbis
03.03.12

Li aqui 

FRANCISCO. E DEPOIS?

Anselmo Borges 

Anselmo Borges


1. Num belo livro, Cartas a Francisco, escreve também um destacado filósofo e teólogo, L. González-Carvajal, que, na sua carta, resume a parábola de J. Bouchaud para exprimir a impressão causada por João XXIII, aplicada agora ao Papa Francisco:
"Havia uma vez um barco, um velho e belo barco que há muito tempo estava ancorado no porto. A vida a bordo era de prerrogativa. Os oficiais estavam ataviados com uniformes de diferentes cores - o negro para os de mais baixa graduação, violáceo, vermelho e púrpura para os outros -, a que alguns tinham juntado adornos (capas, arminhos, condecorações...). As relações entre os comandos superiores e os subalternos regiam--se por um cerimonial carregado de requintados ritos e reverências. Na realidade, a vida a bordo era fácil, porque tudo o que havia para fazer ou deixar de fazer estava determinado por um regulamento muito preciso que todos observavam escrupulosamente.
Como é lógico, no barco havia também marinheiros, embora dificilmente fossem vistos. Trabalhavam no porão e na sala das máquinas, apesar de o trabalho com os motores não ser muito importante num navio que nunca deixa o porto.
As veneráveis senhoras que passeavam pelo cais diziam umas às outras: "Este barco é o meu preferido; é um barco fidelíssimo, nunca se move do seu sítio".

NICODEMOS VAI AO ENCONTRO DE JESUS. E NÓS?

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha

"Nicodemos, figura histórica, é símbolo do homem de todos os tempos, sobretudo do nosso, de quem se aventura na noite do mercado de opiniões e dúvidas e quer encontrar resposta para o sentido da vida, seus valores e sua escala de prioridades, dos/as que não abdicam do direito de fazer perguntas sobre o rumo dos acontecimentos e o cuidado da criação."


Nicodemos surge como interlocutor de Jesus. Certamente fica incomodado com o episódio do Templo. Por ser testemunha ou por ditos que lhe chegam. Incómodo que acentua a perplexidade em que vivia e o leva a ir de noite à sua procura. Incómodo que transparece na conversa que João narra e, hoje, a liturgia nos apresenta como parte do diálogo sobre o “nascer de novo” proposto por Jesus. “Como é possível nascer de novo?”, pergunta, sem rodeios, tendo no horizonte da sua dúvida o parto natural e a idade da vida. (Jo 3, 14-21). Apesar de ser mestre em Israel, de usufruir de um estatuto social elevado e de viver como crente piedoso, Nicodemos não vislumbra a nova dimensão que Jesus insinua. Mas cultivará uma relação de proximidade e de intervenção, de simpatia e de risco, como os relatos evangélicos referem repetidas vezes.

quinta-feira, 8 de março de 2018

DIVORCIADOS RECASADOS E A ALEGRIA DO AMOR - 2

Georgino Rocha



ITINERÁRIO DE ACOMPANHAMENTO -2

Esta fase está marcada pela caminhada em grupo. Supõe a escolha livre de cada participante e o apreço pela relação de ajuda que a equipa composta pelo pároco/padre e casais acompanhantes fomente. E pretende alargar horizontes ao amor conjugal de modo a apreciar o que já se vive e a desejar prosseguir a reflexão em conjunto. Corresponde ao cap. V de “A Alegria do Amor” .
Convém pôr em destaque a missão a que está chamado o casal e a grandeza da sua doação generosa. Usar a pedagogia “do gota-a-gota”, indo e vindo sempre que necessário. Dedicar-lhe as sessões indispensáveis. Fazer surgir as áreas de apostolado em que se podem vir a envolver;
Esta fase supõe que há orientações sobre este assunto, apesar do discernimento ser pessoal/ local. É claro que as tarefas que decorrem do baptismo podem ser assumidas e valorizadas; outras que, de algum modo, sejam feitas em nome da comunidade devem ser ponderadas, tendo em conta o bem possível.

1. Apresentar um quadro síntese destas áreas e suscitar outras. Deixar que o diálogo se alongue e possa levantar questões;

NOTAS SOLTAS SOBRE A MULHER


Dia Internacional da Mulher



As mulheres ainda precisam do seu dia? 

A mulher ainda precisa do seu dia especial

com data marcada no calendário!
O homem não precisa desse dia especial para si,
porque se considera o rei da criação.
O homem tem todos os dias por sua conta.
É ele que manda em quase tudo.
A mulher ainda luta por estar em pé de igualdade
com o homem em muitas áreas.
Em muitas tarefas profissionais ganha menos
quando faz o mesmo que o homem.
Na liderança, em vários setores, é preterida em favor do homem.
O homem é o sexo forte, mesmo sendo frágil;
a mulher é o sexo fraco mesmo sendo forte.
Na política, barram-lhe a subida apesar do mérito,
da sensibilidade, da persistência e da intuição.
Mas quando tem campo aberto lidera.
Nas universidades e no ensino é maioritária;
na investigação dá cartas;
nos cuidados médicos e nas artes bate-se em pé de igualdade;
no desporto agiganta-se;
e na família cuida, amamenta, espalha ternura, acarinha,
estimula, abre horizontes, ama incondicionalmente.
E apesar da aparente fragilidade ainda consegue acumular duas profissões:
Uma remunerada, a do emprego;
e outra não remunerada, a de casa. Tudo por amor.

Fernando Martins

NOTA: Texto reeditado para este dia. 

UM EQUIPAMENTO ABERTO À INOVAÇÂO

Parque de Ciência e Inovação

«O Parque de Ciência e Inovação (PCI) foi inaugurado esta terça-feira. O equipamento, instalado maioritariamente no município de Ílhavo, conta com o envolvimento de diversos parceiros, com a Universidade de Aveiro (UA) à cabeça, mas também a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro e várias empresas, entre as quais a Administração do Porto de Aveiro (APA, S.A.). Ocupa uma área de 35 hectares e representa um investimento de cerca de 20 milhões de euros, financiado por fundos europeus.»

quarta-feira, 7 de março de 2018

DIVORCIADOS RECASADOS E A ALEGRIA DO AMOR

Georgino Rocha




ITINERÁRIO DE ACOMPANHAMENTO -1


Introdução – Este itinerário surge como uma proposta de acção pastoral na urgente missão de acolher, acompanhar, discernir e integrar quem está em segunda união matrimonial ou seja os católicos divorciados e recasados civilmente. Demarcam-se alguns passos que ficam como referência comum de um processo em que cada pessoa envolvida é chamada a fazer o seu percurso singular.
Supõe uma atitude prévia, a de assumir este serviço como missão e este percurso como itinerário de re-iniciação cristã ou de inspiração catecumenal, agora de revisitação do matrimónio realizado. Acertar a possibilidade de um trabalho em conjunto com casais que tenham experiência, sensibilidade e formação cristã. Pode ser útil “A Alegria do Amor (AL), cap. VI, sobretudo nº 217 e seguintes.

1. Identificar quem está na situação de católico divorciado recasado civilmente e manifesta alguma predisposição para conversar sobre o que levou a essa opção.
Os meios a usar podem ser conhecimento pessoal, pedidos de serviços à paróquia, informações de colaboradores paroquiais. (AL 230).

2. Fazer o convite pessoal, indicando a disponibilidade do pároco/padre para acolher e ter um primeiro encontro. Prestar as informações correspondentes às perguntas que surjam.

terça-feira, 6 de março de 2018

P.e FRANCISCO MELO: "A PARÓQUIA TEM FUTURO?"

Padre Francisco Melo 
analisa «crise de indentidade»

Francisco Melo


«O padre Francisco Melo, da Diocese de Aveiro, dá pistas para a pergunta «A Paróquia tem futuro?» no seu trabalho de investigação em Teologia Pastoral, falando numa “crise de identidade”.
“A paróquia vive uma crise de identidade, procura saber quem afinal é, qual é o lugar que ocupa nesta ação pastoral da Igreja, tem também uma crise de representação”, explica o sacerdote em entrevista à Agência ECCLESIA.
O padre Francisco Melo contextualiza que, antes, reconhecia-se a paróquia como uma instituição que “representava o povo, tinha uma certa autoridade”, mas há também uma crise de significado e “tem dificuldade para ser capaz de dar significado, coerência, harmonia aquilo que é o quotidiano e vida das pessoas”.
Neste âmbito, explica que a dimensão da territorialidade hoje é diferente, bem como o sentido de pertença, porque a pessoa nasce num sítio, “está a trabalhar noutro, mora noutro completamente diferente” e ainda pode ter a sua vida cristã em outro local diferente.»

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PAPA FRANCISCO SOBRE GABRIEL GARCIA MARQUEZ

Escritor «tão querido para todos»
 
Gabriel Garcia Marquez
«Aquele escritor tão querido para vós e tão querido para todos»: no dia em que se assinala o 91.º aniversário de nascimento de Gabriel García Márquez (6.3.1927-17.4.2014), recordamos algumas das citações do autor proferidas pelo papa Francisco durante a sua viagem à Colômbia, em setembro de 2017.
Para vincar a exigência requerida aos cristãos de «gerar a partir de baixo uma mudança cultural: à cultura da morte, da violência, responder com a cultura da vida e do encontro», Francisco citou a “Mensagem sobre a paz”, de 1998, do também jornalista, editor, ativista e político colombiano.
«Este desastre cultural não se remedeia com chumbo nem com dinheiro, mas com uma educação para a paz, construída com amor sobre as ruínas dum país em chamas onde nos levantamos cedo para continuar a matar-nos uns aos outros (…)»

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"EM ÍLHAVO ACONTECE À SEXTA"



O Município de Ílhavo tem novo desafio patrimonial às sextas-feiras, de muito interesse para todos os ilhavenses, neles incluindo os gafanhões. Trata-se de um  projeto cultural e patrimonial com capacidade para promover a identidade do nosso concelho, apoiando-se em pequenas ou grandes histórias, nem sempre conhecidas das nossas gentes. 
“Em Ílhavo acontece à sexta”, que inicia o seu ciclo de conferências na próxima sexta-feira, 9 de março, pretende lançar um novo desafio à comunidade para que venha desbravar o seu Município, as suas vivências históricas, os seus recantos patrimoniais, com a pretensão clara de incluir as comunidades neste processo de descoberta, partilhando as suas experiências e os seus conhecimentos.

segunda-feira, 5 de março de 2018

ERRADICAR A FOME É MUITO BARATO

José Graziano da Silva,
Director-Geral da FAO,
afirma que "Erradicar a fome é muito barato"
 
 
A entrevista saiu no PÚBLICO de ontem e merece uma leitura, porque aborda um tema transversal a toda a humanidade, onde grassa a fome, quantas vezes à nossa porta. E deixou um recado pertinente: «quem alimenta o mundo são as grandes agro-indústrias e "temos que mudar isto". A resposta está na agricultura familiar.»

O PÚBLICO COMPLETOU 28 ANOS DE VIDA



O diário PÚBLICO completou hoje 28 anos de vida, sinal de que já atingiu a maioridade há muito tempo. Prova disso está no facto de resistir às investidas das novas tecnologias, adaptando-se e superando as dificuldades. Leio este jornal desde o primeiro número e não consigo adaptar-me a outro. Conheço os cantos à casa e vou logo direto aos assuntos. 
O PÚBLICO veio ao mundo sob a batuta de Vicente Jorge Silva, um jornalista com ideias claras e arejadas, que hoje, por convite da direção, voltou, por um dia, a dirigir o jornal. E no artigo que escreveu — Marcas no tempo — lembra: «O PÚBLICO nasceu num momento crucial de transição entre dois mundos: o mundo pré-Internet e o mundo pós-Internet, no centro nevrálgico de uma revolução tecnológica, cultural e social que alterou decisivamente o rumo das nossas vidas e hábitos quotidianos.» 
Os meus parabéns a quantos o dirigem e nele trabalham, diariamente, para nos manterem mais lúcidos e esclarecidos no mundo de hoje. 

domingo, 4 de março de 2018

FIGUEIRA DA FOZ COM SERRA DA BOA VIAGEM

Quiaios ao fundo, com mar à vista

Conjunto escustórico  no CAE


Pintura de Sónia Travassos

Fotografias de João Ferreira

Apesar de o inverno continuar agreste, desafiando a capacidade de resistência de cada um, foi bom ter visitado ontem, sábado, a Figueira da Foz. A Serra da Boa Viagem, que se apresentava fria, sombria e molhada até ao âmago, estava quase deserta. Vimos um ou outro casal, um ou outro carro com gente como nós à procura de vistas largas que a serra normalmente oferece a quem a visita, ou ousa visitar num dia como este. Mas também registámos o casario, aqui e ali semeado, de quem se instalou num ou noutro recanto serrano de vistas para os povoados, ao longe, com oceano pelas costas. 
Se é certo que nada de especial divisámos, ainda conseguimos ver, de fugida, o velho Farol do Mondego, mais antigo que o nosso, a Casa Abrigo sem movimento de nota, e nem o panorama que em dia límpido nos permite sonhar com viagens, levados pelas ondas, ou em noites escuras capazes de nos mostrar o foco luminoso e intermitente do Farol de Aveiro. 
Antes, eu e o meu filho Fernando almoçámos na zona porventura mais visitada da Figueira, junto ao Casino de imensos desafios para muita gente. Não será nunca o nosso caso, que de jogos desses fugimos como o diabo da cruz. 
Descemos para o CAE (Centro de Artes e Espetáculos) Pedro Santana Lopes. Um café quente retemperou o nosso ânimo e as exposições (Fotografia e Pintura) justificaram a passagem por aquele espaço que me é bastante familiar. João Ferreira, de Leiria, cuja fotografia, apresentada com o título “arquipélago” [Cabo Verde] o acompanha «num percurso paralelo a todas as suas atividades, desde a década de 90» do século passado, impressionou-me sobremaneira, mas já a não posso sugerir aos meus amigos porque encerrou precisamente hoje. Fica o registo, na certeza de que o artista voltará um dia a expor, naquele ou noutro espaço. 
No piso 1, pudemos apreciar pintura de A. Ribeirinho, patente até 3 de junho, sob o título “De Cotovelos no Parapeito”, que muito me agradou: cores, expressões e impressões roubadas aos nossos quotidianos merecem uma visita. Um curto mas expressivo texto de V. A. é desafio à nossa curiosidade.

A EUROPA ESTÁ DOENTE

Vicente Jorge Silva diz hoje, 
no PÚBLICO, que a Europa está doente, 
"eventualmente moribunda". E como salvá-la?

Vicente Jorge Silva

Depois da esperança do voluntarismo macronista que apontava para uma refundação do projecto europeu, é quase inevitável sermos hoje confrontados com um diagnóstico sem apelo: a Europa está doente, minada pelo desencanto e, quem sabe?, eventualmente moribunda.

"As legislativas italianas deste domingo não oferecem nenhum cenário que permita encarar o futuro de forma optimista e construtiva. A confusão política generalizada, a ascensão das forças xenófobas e eurocépticas, sem precedentes nas últimas décadas, a desorientação e o cansaço instalados entre as correntes progressistas e pró-europeias, tudo isso aponta para um cenário caótico e, porventura, ingovernável. Aquele que foi um dos países fundadores do projecto europeu e, apesar da sua quase genética instabilidade governativa, um dos mais optimistas e voluntariosos porta-vozes da esperança europeia, não resistiu à pulverização política que se seguiu ao desabar dos antigos equilíbrios partidários entre o centro-esquerda e o centro-direita."


HORA DE VOLTAR



Está provado à saciedade que o descanso é necessário. Há uma quebra abrupta no ritmo de trabalho e reocupações, e o stresse deixa-nos em paz. A leitura foi mais intensa e serena, a harmonia com a vida restabeleceu-se, as ideias quanto ao futuro, que só Deus conhece, terão rejuvenescido, e a hora de voltar aconteceu. 
Durante as curtas férias, acertei o passo com o dia a dia normal. Fixei os horizontes na esperança de os alcançar e reconheci, como imensas vezes o fiz, que a vida vale mesmo a pena ser vivida. 
Aqui fica uma saudação especial para todos os meus amigos. 

Fernando Martins

A HIPOCRISIA E AS CONFUSÕES DA QUARESMA

Frei Bento Domingues 

Frei Bento Domingues


1. A Quaresma é uma questão muito séria de toda a Igreja e de cada cristão: é o reconhecimento de que não estamos irremediavelmente perdidos. Não existe nenhuma situação que não possa ser alterada. O aforismo ecclesia semper reformanda não é apenas realista, é também um caminho de esperança. Os rituais da penitência não deveriam servir para mostrar que uns têm remédio e outros estão em situações irregulares irremediáveis, reduzidos ao estado de limbo eclesialPUB
Este tempo único começou com a imposição das cinzas: lembra-te que és pó da terra e à terra hás-de voltar. Hoje, com a cremação, és pó e nem à terra voltarás. Era uma declaração muito empírica, mas um bocado niilista. Parece-me que a nova fórmula é mais estimulante: arrependei-vos e acreditai no Evangelho [1], como quem diz, é urgente mudar porque é urgente a alegria. O pecado estraga, a graça do perdão liberta e abre o futuro.
O texto do Evangelho escolhido para essa celebração não alinha com um costume, que eu ainda conheci, de pôr as igrejas de luto e os santos de roxo. Atreve-se a desencorajar a religião do espectáculo, a dificultar a estatística do bem-fazer e o reconhecimento público dos benfeitores da igreja e das obras de caridade. Ao turismo religioso, dentro e fora dos templos, chama exibicionismo hipócrita.

sexta-feira, 2 de março de 2018

AMEAÇAS PARA A HUMANIDADE

Anselmo Borges
Anselmo Borges 

A história da humanidade é feita de êxitos e fracassos, avanços e recuos, conquistas e derrotas, guerras e algum tempo de paz, esperanças e ameaças.
A novidade das ameaças, hoje, é que são globais. Numa obra lúcida, acessível, L"Humanité. Apothéose ou apocalypse?, com contributos de pensadores de vários horizontes e dando uma panorâmica do que está em jogo no século XXI, J.-L. Servan-Schreiber, optimista quanto ao futuro, apresenta também algumas dessas ameaças, obrigando a reflectir. Sintetizo.

1. Aquecimento global. Uma ameaça que todos têm presente: o aquecimento climático. Apesar da oposição de Trump e de as medidas concretas não serem suficientes, cresce a consciência do problema, que é realmente dramático.

2. Excesso de população. E a questão é que o crescimento da população se dará sobretudo nas regiões mais pobres, desencadeando ondas de emigrantes a fugir da miséria. Por outro lado, o envelhecimento das populações trará problemas explosivos para a saúde.

O CORPO DE JESUS É O NOVO TEMPLO DE DEUS. ACREDITA!

Georgino Rocha

Georgino Rocha


Jesus não pára de surpreender. Tal é a vontade de dar a conhecer a novidade de que é portador e, neste domingo, se condensa na singular relação com Deus que se realizará no seu corpo. Como bom judeu, vive a religião do seu povo, observa preceitos e tradições, vai ao culto na sinagoga, faz visitas ao templo de Jerusalém. Por meio destas atitudes, expressa a sua especial comunhão com Deus e solidariza-se com os fiéis devotos, examina o valor dos ritos e dá conta da incoerência de certos comportamentos humanos. Ouve os mestres a darem explicações da Palavra, a Torá e os Profetas, ousa fazer perguntas e vai construindo uma visão complementar, alternativa (Lc 2, 46-50).

“Aproximava-se a festa da Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém”, informa João o autor do relato que estamos a meditar; relato que surge após o episódio das bodas de Caná e antes da conversa com Nicodemos; relato que desvenda, ainda que suavemente, a novidade pascal que revestirá o seu corpo glorificado, o novo e definitivo templo de Deus. Os outros evangelistas colocam a cena da expulsão dos comerciantes e cambistas e da purificação do templo mais à-frente e realçam a sua relação com a prisão e o processo que se segue.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

EM HORA DE SILÊNCIOS


Tenho andado, há uns tempos para cá, a cultivar o silêncio. Direi mesmo silêncios, porque os há na minha vida. E a Quaresma é uma ocasião propícia para isso. 
De alguma euforia no falar quando encontro amigos, passei a comedido no que tenho para dizer. Sei que me vai ser difícil levar a cabo esta experiência, mas considero importante dizer aos meus amigos que o treino me ajudará. E porquê esta decisão? Simplesmente porque atingi uma idade que me sugere reflexão e a opção pelo que é fundamental, em detrimento de banalidades que nos sufocam. 
Isto não significa que me isole, que fuja do mundo, que me afaste do que gosto e de quem gosto, que me transforme num eremita ou num frade de clausura. Nada disso. Quero simplesmente aproveitar o tempo olhando para o que fiz de bom e de menos bom, de passos que dei e que devia ter evitado, de amigos que criei e depois esqueci, de decisões que tomei e que não resultaram, do que não fiz e devia ter feito, do que fiz e não devia fazer. 
Por outro lado, tenho tanto que ler e reler, tanta atenção que devo aos que me cercam, tanta natureza para apreciar, tanto bem para espalhar pela palavra e pela escrita, tanto sonho para alcançar, tanta necessidade do transcendente e tanto para bendizer o tempo que tenho vivido. É isso. Vou ficar por aqui até Deus querer. Até um dia destes...

Fernando Martins

TOLENTINO MENDONÇA - Um intelectual a ter em conta

Tolentino Mendonça com o Papa 

Li, com gosto e sem pressas, o texto "Tolentino Mendonça. A vida do padre-poeta que orientou o retiro do Papa” de João Francisco Gomes, publicado no Observador. E resolvi editá-lo no meu blogue para o não perder de vista, já que o nosso dia a dia, cheio de desafios e de solicitações, leva-nos, imensas vezes, a trocar o essencial pelo banal. Assim, aqui guardado, terei mais facilmente acesso ao texto do jornalista daquele jornal online. José Tolentino Mendonça, um escritor e homem da cultura que bastante aprecio e leio, estará bem mais perto de mim, estando no meu blogue.

Porque será que a Alegria do Amor dá tanta tristeza

Frei Bento Domingues no PÚBLICO

Frei  Bento Domingues

1. A violenta controvérsia sobre os divorciados recasados e o seu acesso à comunhão eucarística continua a agitar as comunidades católicas de todo o mundo. Porque será? Não tenho resposta pronta a servir. O teólogo dominicano, Ignace Berten, escreveu um livro admirável para que ninguém caia nessa tentação[1]. Segue o método de transcrever os textos das posições mais típicas e só no final imite a sua bem informada perspectiva. Não lhe interessa, unicamente, discutir as três realidades acerca da família que foram objecto de questionamento e de controvérsia, sobretudo, as que dizem respeito à contracepção, que põem em causa a doutrina da Humanae Vitae, o acolhimento dos divorciados recasados pela igreja, o acesso à comunhão, os homossexuais e a relação homossexual.
Os debates mais vivos dizem respeito aos divorciados recasados. Têm sido os mais apaixonados e, por vezes, violentos.
João Paulo II, na sua exortação apostólica Familiaris consortio de 1981, no seguimento do primeiro Sínodo sobre a família (1980), excluía qualquer possibilidade de acesso à comunhão dos divorciados recasados, a não ser que se comprometessem a viver como irmão e irmã. Em certas dioceses existia uma pastoral desse estilo. No entanto, em meados dos anos 70, na Bélgica, já tinha nascido uma outra perspectiva pastoral. Em 1993, na Alemanha, alguns bispos promoveram de forma pública, uma pastoral de abertura. Em 1994, a Congregação para a Doutrina da Fé (GDF) interveio condenando essa prática e não podendo, nesses casos, fazer apelo à consciência.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

NATUREZA NA MINHA TEBAIDA


Gosto da natureza… Quem não gosta?! Gosto tanto, que nem prescindo dela. E se possível, ou quando possível, instalo-a ao pé de mim, para que a beleza me envolva, dando-me energia para a vida diversas vezes monótona. Aqui fica como inspiração para os meus amigos. É uma pena de pavão que alguém, apaixonado por aves, nos ofereceu. E se é verdade que o verdadeiro dono dela já partiu para o céu dos passarinhos, terei muito gosto em o perpetuar junto de nós.

COSTA NOVA E VAGUEIRA COM MAIS AREIA NO VERÃO

Um investimento de quase
12 milhões de euros



O Conselho de Ministros autorizou, ontem, quinta-feira, a APA – Agência Portuguesa do Ambiente, IP e a APA – Administração do Porto de Aveiro, S.A. a realizarem a despesa inerente à empreitada de alimentação artificial do troço costeiro da Costa Nova-Vagueira com Inertes Provenientes do Porto de Aveiro. Isto significa que no próximo verão já teremos melhores condições para usufruir os prazeres dos areais daquela zona balnear. Do mesmo modo, ficará, supomos, garantida a proteção dos espaços  habitáveis durante as marés vivas no inverno. ~

Fonte: Porto  de Aveiro 

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DEUS JÁ ACOLHEU O PADRE DÂMASO

Padre Dâmaso

"Não admira que os seus melhores amigos fossem os que ainda estavam ou já tinham saído da prisão: “gente fantástica”, “gente como tu e como eu”, como ele acrescentava sempre: “gente fantástica” pelo simples facto de ser gente, fosse o que fosse que tivessem feito. Se houve prova encarnada do Amor infinito e misericordioso de Deus foi o nosso padre Dâmaso. Nosso, aqui na Renascença desde 76. Primeiro numa série semanal de três programas (dirigidos aos doentes, aos reclusos e ao cidadão comum) depois nos mais diversos programas incluindo madrugada dentro numa conversa de tu a tu com os ouvintes. A Rádio era o segundo amor da sua vida."

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NOTA: O Padre Dâmaso, que vezes sem conta ouvi na Renascença com o seu sotaque que denotava as suas origens (Era Holandês), entrava-nos no coração pela oportunidade das suas mensagens. Se há pessoas que deixam marcas indeléveis no nosso espírito, o Padre Dâmaso foi uma delas. Deus já o acolheu decerto no seu aconchego maternal. 

LEGISLAÇÃO CAPCIOSA

Anselmo Borges 


Por formação e princípio, gosto do que é claro e transparente, detesto a mentira, a astúcia do engano, a manha... E aí está a razão deste texto. De facto, não consigo entender muito bem a pressa com que a actual Assembleia da República se apressa em legislar sobre as chamadas questões fracturantes.

1. Entre as primeiras medidas, acabou-se com a taxa moderadora no aborto, o que é incompreensível e injusto, pensando nas mulheres doentes que pagam. E estou à vontade, pois, na altura, escrevi um texto, usado e abusado, favorável à descriminalização, tendo o governo de então garantido que se seguiriam as "boas práticas" de outras legislações, concretamente da alemã. Depois, foi o que se vê...

2. Foi aprovada a lei que permite a gestação de substituição, vulgarmente conhecida por barrigas de aluguer. Em casos excepcionais (irmãs, por exemplo), até poderia dar o meu acordo, mas há perguntas inevitáveis: pensou-se a sério nas questões graves que podem surgir, por exemplo, no que se refere ao "turismo" estrangeiro, incluindo interesses financeiros neste domínio? Seja como for, há um contrato, e isso é humanizante? Quem deve ocupar o centro: a mulher ou a criança? E se, por doença, ninguém quer a criança? Está garantida o direito à identidade genética? Tanto se lutou para pôr fim aos filhos de pai incógnito, mas agora até a mãe o é....

3. Aquele projecto de lei sobre a canábis para fins terapêuticos (já há quem queira também para outros fins), com a possibilidade de "auto-cultivo"!