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sábado, 17 de fevereiro de 2024

Alçada Batista


Hoje reli uns textos de Alçada Batista, um escritor que está a passar de moda e que, de forma muito simples, aborda temas da vida.
Alçada Batista faleceu em 2008.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

A Salve Rainha de Alçada Baptista

De vez em quando volto ao Alçada Baptista, um escritor intimista e memorialista que muito me marcou. Hoje andei às voltas com estórias e estorietas de “A cor dos dias — memórias e peregrinações”, escritas com saber e sabor inexcedíveis, pela forma e sumo.

Alçada Baptista nunca perdia a oportunidade de criticar o que em seu entender estava mal, tanto em textos cívicos como religiosos. Um dia insurgiu-se contra o Hino Nacional, naquela parte que nos incita a lutar contra os canhões. Em sua opinião, essa fase já está ultrapassada, pelo que seria importante dar uma volta ao texto. Hoje recordo a sua discordância em relação à Salve Rainha, uma oração que acompanha a recitação do terço. E propõe uma nova oração, para eliminar «os degradados filhos de Eva», e depois «deste desterro nos mostrai Jesus». Então diz:
«Eu acho que era bonito termos uma oração a Nossa Senhora mas escusávamos de nos desvalorizar tanto para o fazer.» Sugeriu então:

“Salve Rainha, mãe de Deus, olhai por nós que somos frágeis. A vós nos dirigimos do meio das dificuldades da vida com ansiedade e confiança. Lançai sobre nós os vossos olhos bondosos e, depois da nossa morte, leva-nos a Jesus com a ternura da mãe para o filho querido. Ó doce Virgem Maria, ajudai-nos e olhai para nós e ajudai-nos para podermos alcançar as promessas de Cristo.”

Nota 1 - Nós, os católicos, estamos tão habituados à Salve Rainha que aprendemos em criança, que nem sei se seríamos capazes de optar pela proposta do Alçada Baptista de saudosa memória;

Nota 2 - Texto reeditado.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

PELO TOURO OU PELO TOUREIRO?

A primeira vez que fui ao Brasil, perguntei por que não havia touradas, uma excepção em quase toda a América Latina onde elas despertam interesse e aficion. Um amigo explicou-me:
A coisa tentou-se, mas o negócio não deu, não. Em 1950, quando Mendes de Morais foi prefeito do Rio, mandou construir uma praça de touros ao lado do Maracanhã. Encomendou touros e toureiros no México e para promover melhor as corridas deixou que a entrada fosse gratuita. Aquilo ficou cheio mas teve que acabar. Não é que o povo torcia pelo touro? Era. Aplaudia o touro e assobiava o toureiro. Aí os toureiros se desmoralizaram muito e a coisa não tinha condições.
Creio que o Brasil corresponde àquela parte de mim que também torce pelo touro, que homenageia a sua fúria solitária, a sua coragem desacompanhada, contra o jogo, a astúcia e as vantagens dos homens.

António Alçada Baptista

In A PESCA À LINHA - ALGUMAS MEMÓRIAS

NOTA: Hão de estranhar os meus amigos esta história do escritor Alçada Baptista, falecido 7 de dezembro de 2008. Eu explico: quando hoje alinhava alguns livros numa estante veio às minhas mãos um livro deste escritor que muito apreciei e ainda aprecio. E daí as histórias que partilhava com os seus leitores. Ao publicar a história do touro e do toureiro no Brasil, celebro a sua memória.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Sobre a leitura

Alçada Baptista era um bom contador de estórias. 
Incisivas e com graça. Como esta:

Alçada Batista
Raul Solnado 
«O meu querido Raul Solnado quis ser simpático com o filho de um amigo, um rapaz de 23 anos. Achou que se devia interessar pelas suas preocupações. Disse-lhe:
— Então, rapaz, tens lido alguma coisa? Gostas de ler?
Ele pensou só um bocadinho e respondeu:
— Evito.»

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Português e Matemática




A comunicação social noticia que os exames de Português e Matemática, do 12.º ano,  denunciaram a má preparação dos alunos. Os resultados foram negativos, sendo de sublinhar que na disciplina de Português não se viam notas destas há 14 anos. A Matemática, já nem se fala, pois os nossos alunos, na sua grande maioria, continuam a olhar para os números com horror.
Estou longe de saber de quem será a culpa. Normalmente, atribui-se aos alunos a responsabilidade das más notas em Matemática; os professores ficam à margem, como se fossem todos pedagogos notáveis. Ora, eu acho que os professores deviam fazer um exame de consciência, no sentido de descobrirem se da parte deles haverá capacidade e arte para motivar alunos. O mesmo poderá ser dito aos professores de qualquer área.
A nível do Português, também não me espanta a situação. Pelo que tenho sabido, os nossos jovens leem pouco; muitos fogem dos livros como o diabo da cruz. E sem leituras, na área das Línguas como noutras, não se vai a lado nenhum.

Uma pequena estória

Alçada Baptista era um bom contador de estórias. Incisivas e com graça. Como esta:

«O meu querido Raul Solnado quis ser simpático com o filho de um amigo, um rapaz de 23 anos. Achou que se devia interessar pelas suas preocupações. Disse-lhe:
— Então, rapaz, tens lido alguma coisa? Gostas de ler?
Ele pensou só um bocadinho e respondeu:
— Evito.»

terça-feira, 15 de março de 2011

A Salve Rainha de Alçada Baptista



De vez em quando volto ao Alçada Baptista, um escritor intimista e memorialista que muito me marcou. Hoje andei às voltas com estórias e estorietas de “A cor dos dias — memórias e peregrinações”, escritas com saber e sabor inexcedíveis, pela forma e sumo.

Alçada Baptista nunca perdia a oportunidade de criticar o que em seu entender estava mal, tanto em textos cívicos como religiosos. Um dia insurgiu-se contra o Hino Nacional, naquela parte que nos incita a lutar contra os canhões. Em sua opinião, essa fase já está ultrapassada, pelo que seria importante dar uma volta ao texto. Hoje recordo a sua discordância em relação à Salve Rainha, uma oração que acompanha a recitação do terço. E propõe uma nova oração, para eliminar «os degradados filhos de Eva», e depois «deste desterro nos mostrai Jesus». Então diz:
«Eu acho que era bonito termos uma oração a Nossa Senhora mas escusávamos de nos desvalorizar tanto para o fazer.» Sugeriu então:

“Salve Rainha, mãe de Deus, olhai por nós que somos frágeis. A vós nos dirigimos do meio das dificuldades da vida com ansiedade e confiança. Lançai sobre nós os vossos olhos bondosos e, depois da nossa morte, leva-nos a Jesus com a ternura da mãe para o filho querido. Ó doce Virgem Maria, ajudai-nos e olhai para nós e ajudai-nos para podermos alcançar as promessas de Cristo.”

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Alçada Baptista faleceu há dois anos

Alçada Baptista

Alçada Baptista: um escritor de afectos

Neste dia, há dois anos, faleceu o escritor António Alçada Baptista, com 81 anos. Católico progressista, deixou nos romances e crónicas que escreveu sinais claros de uma sensibilidade muito própria. Li, à medida que iam sendo publicados, os seus livros, mas também saboreava as suas crónicas publicadas em jornais e revistas, escritos que me atraíam pela proximidade que o escritor sabia estabelecer com os seus leitores.
Na homenagem que lhe foi prestada, por intelectuais e amigos, em livro editado em Fevereiro de 2007 (António Alçada Baptista: Tempo afectuoso - Homenagem ao escritor e amigo de todos nós), o nosso país ficou a saber quanto ele  era estimado por todos, independentemente das orientações políticas ou religiosas de cada um.  Escritor profundamente memorialista, sabia tornar-nos próximos do seu mundo familiar, das suas vivências, dos seus afectos, da ternura que nutria pelo ser humano.
Na altura da publicação desse livro escrevi um simples texto. Ver  aqui.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Alçada Baptista e Raul Solnado


Alçada Baptista era um bom contador de histórias. Incisivas e com graça. Como esta:

O meu querido Raul Solnado quis ser simpático com o filho de um amigo, um rapaz de 23 anos. Achou que se devia interessar pelas suas preocupações. Disse-lhe:
- Então, rapaz, tens lido alguma coisa?  Gostas de ler?
Ele pensou só um bocadinho e respondeu:
- Evito.

In A Cor dos Dias

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Homenagem a António Alçada Baptista

“António Alçada Baptista: Tempo afectuoso
- Homenagem ao escritor amigo de todos nós"

Foi com agradável surpresa que há dias encontrei nas livrarias um livro de homenagem ao escritor António Alçada Baptista – “ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA: Tempo afectuoso - Homenagem ao escritor amigo de todos nós". Trata-se de uma obra da responsabilidade da Editorial Presença e do Centro Nacional de Cultura, com coordenação de textos de Maria Helena Mira Mateus e Guilherme d'Oliveira Martins.
A homenagem é justíssima, ou não fosse Alçada Baptista um homem e escritor de afectos, que ensinou muita gente a pensar e a conhecer a vida de um País amordaçado pela ditadura. Os seus livros, muitos dos quais li à medida que foram aparecendo no mercado, sempre me impressionaram e encantaram, ou não fosse ele um escritor memorialista, com capacidade para nos conduzir, com realismo, através dos seus e nossos contemporâneos, marcados por comportamentos ora resignados e comodistas, ora corajosos na denúncia das injustiças. Com uma simplicidade que seduz, com uma naturalidade que encanta. Estórias e mais estórias da história dos homens e mulheres do seu tempo e do seu e nosso País, que ele retratou com arte e sensibilidade.
“ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA: Tempo afectuoso - Homenagem ao escritor amigo de todos nós" é um livro de testemunhos de amigos, muitos dos quais foram seus cúmplices em horas de sonhos e de lançamento de projectos, na qualidade de católico progressista, muitos deles condenados a esbarrar com impossibilidades de toda a ordem. Eduardo Lourenço, Mário de Carvalho, Teolinda Gersão, Dinis Machado, António Ramos Rosa, Mário Soares, Pedro Roseta e Edgar Morin, Ana Vicente, Guilherme d’Oliveira Martins, Lídia Jorge, João Bénard da Costa e Maria Alzira Seixo foram alguns dos muitos que escreveram para esta edição, com amizade e gratidão, pelo que dele receberam.
Alçada Baptista, 80 anos de vida bem vivida e rica de contactos humanos, que os seus 13 livros e diversos outros escritos revelam, bem merecia esta homenagem enquanto está entre nós. Mas quem quiser conhecê-lo e admirá-lo pode ler os seus livros. “Peregrinação Interior” (dois volumes), “Tia Suzana, Meu Amor”, “Os Nós e os Laços”, “Catarina ou o Sabor da Maçã”, “O Riso de Deus”, “A Pesca à Linha” e “O Tecido do Outono”, entre outros, aí ficam para saborearmos, com prazer.

Fernando Martins